PCdoB GO repudia manifestação que pede retorno de militares ao poder

 A deputada Isaura Lemos, presidenta estadual do PCdoB, repudiou, durante o discurso na sessão ordinária nesta quarta-feira, 5, a recente manifestação ocorrida no último final de semana em São Paulo pedindo o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e o retorno dos militares ao Governo do país.

PCdoB Goiás repudia manifestações que pedem retorno de militares ao poder

 "Só quem viveu o período da Ditadura Militar, com toda a sua truculência e repressão, a falta de liberdade e o desrespeito ao Estado de direito vivido por mais de 20 anos, sabe o sofrimento que ela nos trouxe", afirmou.

Isaura lembrou que, no Brasil, durante a Ditadura Militar, vários brasileiros foram presos, torturados e assassinados. “Defender a democracia, os direitos trabalhistas e de melhorias na Saúde e na Educação era considerado crime. Em Goiás, vários casos ocorreram, como o da família do meu companheiro Euler Ivo. Aos 17 anos, ele foi obrigado a deixar sua família e ir para a clandestinidade. Isso porque combateu as arbitrariedades do regime”, lembrou.

“O deputado estadual goiano José Porfírio, por exemplo, é considerado desaparecido e não consta na Assembleia Legislativa nenhum registro da sua passagem nesta Casa. Também, os estudantes Marco Antônio Dias Batista, Ismael Silva de Jesus, Honestino Guimarães (que conheci um mês antes de ser preso e morto), e inúmeros outros presos, torturados e mortos, foram vítimas da Ditadura.”

Vários políticos goianos se manifestaram, nesta semana, no jornal Diário da Manhã também contrários ao movimento que pede o retorno dos militares ao poder. Entre eles, o governador Marconi Perillo, Pedro Wilson e o atual presidente do PSDB goiano, Paulo Silva de Jesus, “um dos que sentiu na pele a violência, quando o seu irmão, o estudante Ismael Silva de Jesus, foi assassinado na prisão.”

“Portanto, o PCdoB se une aos partidos, aos movimentos sociais e aos defensores da democracia pela defesa do regime democrático e seu aperfeiçoamento. Defende o aprofundamento das mudanças que o governo Dilma certamente continuará promovendo com o objetivo do desenvolvimento econômico do país, com a inclusão social”, concluiu.

Ameaças e perseguições

Em 1968, a polícia de Goiás tentou assassinar Euler Ivo que participava de uma manifestação na Praça dos Bandeirantes, em Goiânia, em protesto contra o regime militar. Novas ameaças e perseguições ocasionaram na mudança de Euler da capital. Mesmo assim, o governo militar não desistiu de caçá-lo por todo o Brasil.

Décima primeira filha de uma família de 14 irmãos da classe média paulista, Isaura Lemos entrou na política a partir de movimentos revolucionários (Isaura e Euler se conheceram durante essas reuniões de movimentos revolucionários). Aos 20 anos, abandonou a família em Campinas, no interior de São Paulo, para viver como clandestina em uma base de guerrilha, no sertão da Bahia, junto com Euler Ivo.

Isaura Lemos e Euler Ivo se casaram por três vezes, com nomes falsos, para escaparem de perseguições políticas. Quando mudaram do sertão da Bahia para a Floresta Amazônica, por motivos de segurança, não podiam ter qualquer contato com ninguém fora da região. Isaura ficou sabendo das mortes de sua mãe e de um irmão que era médico meses depois do falecimento. Por conta de rigorosas medidas de autossegurança, sequer foi possível Isaura enviar uma carta para seus familiares. Somente depois, pode visitar seu pai e irmãos.