Irã, EUA e UE retomam em Omã diálogo sobre acordo nuclear

Representantes iranianos, estadunidenses e europeus retomaram, nesta segunda-feira (10), em Omã, as conversas para facilitar um acordo abrangente e final sobre o programa nuclear do país persa, cujos líderes acreditam ser provável, se o Ocidente tiver uma atitude lógica.

Irã e Grupo 5+1 - AP/Jason Reed

Depois de duas sessões de conversas em Mascate, o chanceler do Irã, Mohammad Javad Zarif, o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, e a ex-chefa da política exterior da União Europeia (UE), Catherine Ashton, voltaram a buscar uma aproximação em temas considerados espinhosos.

As conversas estiveram centradas no nível de enriquecimento de urânio por parte da república islâmica e o levantamento total das sanções econômicas impostas pelo Ocidente a Teerã, assim como a durabilidade do eventual acordo que se propõem assinar antes de 24 de novembro.

Nessa data vence a prorrogação estabelecida em 20 de julho pelas partes para achar um acordo abrangente e definitivo que complemente o pacto interino assinado em novembro de 2013 em Genebra pelo Irã e o Grupo 5+1 (os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha).

Depois do atual diálogo trilateral amanhã, deve ser realizada aqui a reunião dos negociadores do Irã e todos os membros do G5+1 para estabelecer o acordo final que analistas acreditam estará sujeito a manobras políticas de Washington, depois do fracasso democrata nas eleições legislativas de meio termo.

Apesar de avançar em muitos temas, os negociadores não concordam com respeito às capacidades atômicas que a nação persa deve possuir, pois o Irã deseja um "grau industrial" de enriquecimento além do atual.

O G5+1, por sua vez, insiste em uma redução significativa e pretende decidir o número de centrífugas para o enriquecimento, condicionando ao levantamento das medidas econômicas punitivas e a rigorosas inspeções das instalações nucleares iranianas.

Enquanto a república islâmica reitera que suas atividades nucleares nunca pretenderam fabricar armas atômicas e que só tem objetivos pacíficos, civis e energéticos, o Ocidente, particularmente os Estados Unidos, continua duvidando dessas alegações.

Segundo o presidente da comissão de Política Exterior e Segurança Nacional do Majlis (parlamento iraniano), Alaeddin Boroujerdi, um acordo entre seu país e o G5+1 "é provável, se os Estados Unidos e seus aliados ocidentais adotarem uma postura lógica para o programa nuclear nacional".

"A resistência às exigências ilógicas do Ocidente é uma demanda nacional e uma fatwa (edito religioso islâmico) do líder supremo sobre a proibição de construir e usar bombas nucleares, [o que] garante a natureza pacífica das atividades do Irã", explicou Boroujerdi.

Ele apontou ainda que o enriquecimento de urânio é uma linha vermelha e Teerã nunca aceitará fazê-lo de modo simbólico porque todas suas atividades estão sob supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

"As demandas excessivas de alguns países ocidentais, em especial por parte dos Estados Unidos, são inaceitáveis e constituem o principal obstáculo ao progresso das conversas sobre o programa nuclear pacífico" do país, advertiu o legislador.

Fonte: Prensa Latina