Graça Machel: Nosso dever é honrar o legado de Zumbi e de Mandela

A 12ª edição do Troféu Raça Negra aconteceu nesta segunda-feira (24), na Sala São Paulo, região central da capital paulista. O evento que premia as personalidades que foram destaque em 2014 e homenageou o líder e símbolo da luta contra a segregação racial Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, felecido em 2013. Sua esposa e também ativista da luta por direitos das mulheres e crianças, Graça Machel, recebeu a homenagem.

Graça Machel e o ministro do STF Luiz Fux - Amauri Nehn

Aplaudida de pé, Graça emocionou a plateia ao falar do líder sul-africano. “Quero trazer a voz dele esta noite”, afirmou ela, destacando a trajetória de luta de Mandela que dedicou a sua vida em defesa de uma sociedade democrática e igualitária. Ela citou uma frase de Mandela que sintetiza o compromisso do lídel suk-afircano: “Lutei contra a dominação branca e a dominação negra. Espero viver e ver realizado meu ideal. Se necessário, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer”.

Ela ressaltou que o compromisso agora é honrar a luta de Zumbi e Mandela. “Que os negros deste país, por direito próprio e não por favor, possam ocupar a centralidade das instituições. É o nosso dever honrar o legado de Zumbi e de Mandela. Prometemos que essa sociedade veja a discriminação como história, da mesma forma que a escravidão já é história”, enfatizou.

Graça afirmou anda que o avanço da democracia depende da ampliação e representação da população negra junto aos poderes do Estado. “É preciso que se questionem sobre o que quer dizer uma representação democrática que reflita a composição de sua própria sociedade. A resposta não deve ser dada por mim, mas pelos brasileiros”, pontuou ela em entrevista coletiva.

Transformação exije mecanismos

Graça se com Mandela em 1998. Assim como seu marido, Machel tem uma trajetória de vida ligada a luta de resistência pela independência de Moçambique, seu país natal, nos anos 70 e foi primeira-dama do país por seu casamento com o presidente Samora Machel, morto em 1986.

“A transformação não existe se não houver mecanismos, precisamos de regras com metas claras para reduzir a discriminação de qualquer tipo”, destacou ela, citando o sistema de cotas no serviço público e nas universidades do Brasil. Ela ressaltou que os brasileiros “não devem permitir que a sociedade em geral finja que não vê o que está acontecendo” com a população negra.

A Faculdade Zumbi dos Palmares fez uma placa em homenagem a Graça Machel, que agora se junta a ícones como o pastor americano Jesse Jackson, também condecorado pela instituição de ensino. “Ela é uma irmã universal que é inspiração para todos nós e para os alunos”, ressaltou o reitor José Vicente, que organizou o evento junto com a Afrobras.

Da redação do Portal Vermelho
Com informações de agências