Violência contra a mulher foi tema de audiência pública nesta terça
Foi realizada na manhã desta terça-feira, 25, audiência pública que debateu sobre o Dia Internacional da Não-Violência Contra as Mulheres. O evento foi realizado pela deputada estadual Isaura Lemos, presidenta do PCdoB em Goiás, com o apoio da vereadora Tatiana Lemos (PCdoB), no Auditório Solon Amaral da Assembleia Legislativa.
Publicado 27/11/2014 15:28 | Editado 04/03/2020 16:43

O debate contou com a participação da vereadora do município de Goiânia, Tatiana Lemos, Ana Elisa Gomes Martins, delegada titular da Delegacia da Mulher Região Central de Goiânia (DEAM), Dolly Soares, diretora do Centro de Valorização da Mulher Consuelo Nasser (CEVAM), Teresa Sousa, secretária municipal de Políticas para as Mulheres de Goiânia, a representante da Secretaria de Estado de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial (Semira), Maria Rita Medeiros Fontes, e demais autoridades e representantes.
Na abertura do evento, a presidente dos trabalhos saudou os presentes e destacou a coautora da audiência ública, a vereadora Tatiana Lemos. E logo em seguida apresentou a composição da mesa diretora do debate.
A presidente da União Brasileira das Mulheres, Lúcia Helena Rincon, fez o discurso de abertura da cerimônia agradecendo a presença de todos. “Agradeço muito a oportunidade de saudar essa audiência. Quero saudar a mesa e dizer para vocês que nossa luta é feita de alegrias e tristezas, mas sempre de muita luta. A luta continua em prol do combate à violência sexual e demais violências contra as mulheres.”
A vereadora Tatiana Lemos agradeceu a presença de todos e destacou a atuação da deputada Isaura Lemos em prol da defesa da mulher. “Vamos lutar contra todos os tipos de violência que afligem as mulheres. São 150 países no mundo que fazem ações neste dia e é uma satisfação de nós podermos também participar desta luta.”
A titular da DEAM, delegada Ana Elisa, explicou sobre a existência da violência para com as mulheres e afirmou sobre a falta de coragem em denunciar as situações que acometem as vítimas. “A violência doméstica existe, embora existam delegacias especializadas. Muitas mulheres buscam apenas orientação e não registram os procedimentos necessários.”
Ana Elisa ainda destacou que o combate à violência contra a mulher deve ser utilizado para orientação no sentido de dar subsídios para o comportamento diante dessas situações. “Os 16 dias de ativismo devem ser destacados para a orientação e que elas sintam segurança em informar as situações que as mulheres sofrem. Cada vez mais nosso trabalho tem surtido efeito.”
A delegada ainda elogiou os trabalhos do Cevam e do estado de Goiás na atuação do combate aos crimes e violência contra as mulheres.
A secretária municipal de Políticas para as Mulheres de Goiânia, Teresa Sousa, afirmou que as campanhas e ações de combate à violência devem ser levadas a sério para que haja uma maior conscientização das próprias mulheres.
“Há muita coisa para ser feita em relação à violência da mulher. Tem várias coisas, não digo que aumentaram os casos ou diminuíram. Mas passaram a ser vistos. A violência doméstica antes era jogada debaixo do tapete e agora veio à tona”, destacou a secretária.
Teresa ainda ressaltou que as mulheres ainda sofrem com os problemas relacionados ao âmbito profissional e ainda sobre as questões de remuneração. Isso se destaca principalmente em relação às mulheres negras, segundo ela.
A representante da Secretaria de Estado de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial (Semira), Maria Rita, agradeceu a oportunidade de participar do evento e destacou a atuação da Semira na busca de segurança das mulheres em diversos aspectos. “Temos uma visão ampla da política sobre a situação. Trabalhamos junto às delegacias especializadas. Queremos implantar uma educação não sexista para que não haja diferenciamento em relação ao tratamento entre homem e mulher.”
A representante da Semira ainda destacou os trabalhos feitos pela secretaria e ainda disse que não haverá problemas relacionados aos serviços de atendimento à mulher devido à Reforma Administrativa proposta pelo Governo e que tramita na Assembleia.
CEVAM
Dolly Soares, que é diretora do CEVAM, explanou sobre as principais dificuldades da entidade e das mulheres em relação à violência.
A diretora lembrou dos problemas da entidade. “Há um ano anunciamos a suspensão das atividades do CEVAM devido à falta de estruturas financeiras. Mas atualmente alguns parceiros têm auxiliado no restabelecimento do sistema financeiro da instituição. De janeiro a maio deste ano, empresas e instituições procuraram o CEVAM para ajudar, e, aos poucos, fomos retomando as políticas sociais.”
“Hoje, mais de 50 pessoas, entre mulheres e crianças, estão no CEVAM.” Dolly ainda relatou sobre a situação atual do Centro de Valorização da Mulher e lembrou ainda sobre a situação da falta de abrigos em Goiás. Disse que as vítimas vivenciam essa realidade da não existência de suporte. O que o CEVAM precisa, conforme Dolly Soares, é de oportunidade para articular com instituições em empresas para que possam custear as despesas e continuar as políticas do CEVAM.
Isaura Lemos quer reforma política para que haja mais mulheres no Legislativo
Durante a fala de Isaura Lemos, ela discorreu sobre as dificuldades das mulheres em relação à realidade vivida. “Ainda temos muitas contradições e obstáculos. As mulheres têm medo de denunciar, abandonar o lar, e em muitos casos nem a própria família sabe da situação.”
A deputada afirmou que há necessidade de maior atenção dos três poderes para a melhor efetivação da legislação. “Hoje é um dia para fortalecermos a denúncia e colocar as políticas públicas em evidência. Apesar da Lei Maria da Penha, as mulheres precisam de mais apoio dos gestores.”
A parlamentar destacou os dizeres do botom da campanha: “O silêncio é cúmplice da violência e pai da impunidade.” E lembrou que ser agredida por aquele que escolheu para viver e amar passa a ser uma tortura. "É preciso ajudá-las a viverem independentes.”
Isaura Lemos também falou sobre a reforma administrativa no Executivo. Sua opinião é que seria mais interessante a redução do número de comissionados ao invés da aglutinação da Secretaria da Mulher a outras pastas.
Ela levantou a questão a união das mulheres em prol da reforma política para que mais mulheres sejam eleitas para o Legislativo, o que ensejaria levantar a bandeira do combate ao feminicídio.
"Uma pauta que precisamos levar ao Governador do estado é sobre uma parceria com o Cevam, no auxílio da manutenção da saúde financeira da entidade e ainda levantar as possíveis situações de implementação e melhorias para as delegacias especializadas da mulher", disse a deputada.
Após a fala da parlamentar, oportunidade foi aberta aos participantes do evento. Momento este que foram apresentadas opiniões, sugestões e reivindicações para que seja viabilizada uma pauta para apresentação ao governador Marconi Perillo. Logo em seguida, a reunião foi encerrada.