Exposição homenageia centenário da morte de Augusto dos Anjos

Dia 12 de novembro, a morte de Augusto dos Anjos completou 100 anos. Para homenagear o poeta, a Casa das Rosas, na capital paulista, sedia a mostra Esdrúxulo!, que fica em cartaz até 1º de março de 2015. A exposição, sob a curadoria de Júlio Mendonça, tem entrada gratuita.

Augusto dos Anjos - Reprodução

A instalação será distribuída entre cinco espaços do andar térreo da Casa das Rosas. Neles, haverá uma mescla entre informações sobre o poeta e apresentações de sua obra. Poemas como Versos íntimos, Budismo Moderno, Monólogo de uma sombra, Os doentes, A ideia, O Deus-verme, O Lamento das coisas e Psicologia de um vencido serão apresentados da forma tradicional e também por vídeos, animações e uma instalação lúdica.

Augusto dos Anjos nasceu em 1884 no estado da Paraíba e compôs seus primeiros versos aos sete anos, mas apenas depois da morte prematura (aos 30 anos) teve sua poesia amplamente divulgada e reconhecida. Apenas lançou um livro em vida – "Eu" (1912) -, mas seu amigo Órris Soares fez questão de publicar a obra acrescida de outros poemas após seu falecimento. Sua produção é geralmente enquadrada no simbolismo e parnasianismo, mas alguns críticos o consideram pré-modernista por deter características do expressionismo. Seus poemas tratam frequentemente da consciência da morte e utilizam linguagem fisiológica para se referir ao ser humano.

Confira um poema de Augusto dos Anjos:

Saudade

Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa,
Eu a bendigo da descrença em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.

À noite quando em funda soledade
Minh'alma se recolhe tristemente,
Pra iluminar-me a alma descontente,
Se acende o círio triste da Saudade.

E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,

Da saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra o peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.

(Augusto dos Anjos)

Fonte: Revista Língua Portuguesa