O cinema e a violência de gênero

A campanha “16 dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres” é uma mobilização mundial com adesão de cerca de 160 países, que começa no dia 25 de novembro, Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, e vai até 10 de dezembro, o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Aqui no Brasil, seu início é antecipado para 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. O tema da campanha desse ano é “Você pode cometer muitas violências sem perceber”.

Por Dandara Lima*, para Portal Vermelho

Segundo a das Nações Unidas (ONU), uma em cada três mulheres no mundo já sofreu violência física ou sexual, cerca de 120 milhões de meninas já foram submetidas a sexo forçado e 133 milhões de mulheres e meninas sofreram mutilação genital. No Brasil, em 2012 o número de estupros denunciados superou o número de homicídios, foram registrados 50,6 mil ataques contra mulheres.

A violência contra a mulher está presente de várias formas em nosso cotidiano, desde as mais perceptíveis como as agressões físicas e sexuais, para as mais silenciosas como a psicológica, moral e patrimonial. O enfrentamento a violência contra a mulher encontra na arte uma forma didática de problematizar o tema.

Confira uma série de filmes que tratam este tema:

Cairo 678 é um filme egípcio dirigido por Mohamed Diab. Inspirado em fatos reais, o filme conta a história de três mulheres de classes sociais bem diferentes, que sofreram agressões sexuais no Cairo, mas que acabam se conhecendo e influenciando como a sociedade local lida com a violência de gênero. 

 
Amor?, dirigido pelo brasileiro João Jardim, é uma mistura de documentário com ficção, sobre relações amorosas que envolvem alguma forma de violência. 

 

O filme estadunidense Preciosa – Uma História de Esperança problematiza vários tipos de violência em uma só personagem. Claireece "Preciosa" Jones (Gabourey Sidibe) é uma adolescente de 16 anos, pobre, negra e gorda, que sofre uma série de privações durante sua juventude. Violentada pelo pai e abusada pela mãe ela cresce introspectiva. Ajudada por uma professora, ela é mandada para uma escola alternativa. Lá Preciosa encontra um meio de fugir de sua existência traumática, se refugiando em sua imaginação. 


Depois de Lúcia
 é um filme mexicano dirigido por Michel Franco. Quando a esposa de Roberto (Gonzalo Vega Jr.) morre, a relação dele com sua filha Alejandra (Tessa Ia), de 15 anos, fica abalada. Para escapar da tristeza que toma conta da rotina dos dois, pai e filha deixam a cidade de Vallarda e rumam para a Cidade do México em busca de uma nova vida. Alejandra ingressa em um novo colégio, e sentirá toda a dificuldade de começar de novo quando passa a sofrer abusos físicos e emocionais. Envergonhada, a menina não conta nada para o pai, e à medida que a violência toma conta da vida dos dois, eles se afastam cada vez mais. 

O curta Guerreiras do Brasil, dirigido por Cacau Amaral, traz 40 mulheres, das cinco regiões brasileiras, que se reúnem em uma ilha no Rio de Janeiro e usam o hip hop para gritar pela eliminação da violência contra a mulher. O curta surgiu a partir do projeto “Minas da Rima – As Mulheres do Hip Hop unidas pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres”. 
 


 

*É jornalista, integra a equipe de comunicação da UJS