Petróleo, tensão e incerteza nos mercados

A forte queda da cotação do petróleo ultimamente, deixou os mercados na incerteza e criou expectativas sobre se a Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) atuaria para recuperar os preços.

Prirázlomnaya

No entanto, esse bloco decidiu na quinta-feira (27) manter o atual nível extrativo de 30 milhões de barris diários do combustível, contrariamente ao que muitos esperavam e ao que fez em ocasiões anteriores, quando os preços experimentaram abruptas quedas.

Segundo as estatísticas, durante boa parte deste ano, as cotações do petróleo permaneceram a 100 dólares o barril em todos os mercados preferenciais e inclusive os do Brent chegaram em ocasiões a superar os 120 dólares por unidade.

Antes, já desde junho, começaram a diminuir progressivamente até acumular uma queda de cerca de 35% e se situar o barril na quinta-feira em 70 dólares aproximadamente, quando se redobrou cinco dólares em Nova York e Londres.

Este forte retrocesso deveu-se em boa medida a declarações da Arábia Saudita poucas horas antes da reunião da Opep, de que defenderia a produção atual para deixar que o mercado "se equilibrasse por si só".

Analistas atribuem a queda dos preços até aqui a uma sobreoferta do produto nos mercados internacionais, devido a menor demanda pela debilidade da economia mundial e o aumento da questionada produção estadunidense de petróleo de quisto.

Quaisquer sejam as causas da queda, a decisão da Opep causou enorme surpresa, já que o grupo em mais de uma ocasião, ante fortes quedas das cotações, agiu para equilibrar o mercado e estimular os preços.

Assim o fez em outubro de 2006 quando as cotações caíram 23% em 90 dias e o bloco decidiu então em uma reunião diminuir a extração do combustível em um milhão de barris, o que contribuiu a aumentar substancialmente os preços, que chegaram a atingir os 146 dólares o barril em julho de 2008.

Vários anos depois as cotações caíram a pouco mais de 60 dólares e a organização viu-se na necessidade de deliberar um corte ainda maior- de dois milhões de barris-, o que coadjuvou a que o barril oscilasse durante um bom tempo entre 90 e 110 dólares.

Chegou um momento em que exportadores e consumidores concordaram tacitamente que nesse meio deviam ser movidos os preços da matéria prima mais comercializada no mundo e destinada a se esgotar pelo notável crescimento de seu consumo desde as últimas cinco décadas, o qual, segundo experientes, já rebaixa a capacidade extrativa.

Por exemplo, se a princípios deste século consumiam-se diariamente no mundo 78 milhões de barris de petróleo diariamente, hoje utilizam-se cerca de 98 milhões de unidades.

Para muitos analistas, a decisão do bloco exportador de não reduzir o volume de extração pareceu ingênua, mais ainda que não é segredo o regozijo dos adversários de Rússia e Venezuela- países com alta dependência da renda petroleira- inclusive da Opep, pela vertical baixa dos preços.

De fato, os mais desconfiados, não descartam um complô entre Estados Unidos e Arábia Saudita, em mancomunagem com corporações midiáticas.

A Venezuela, país que mais defendeu o corte da Opep, assinalou que seguirá defendendo o papel da organização na defesa dos preços e o equilíbrio do mercado.

Quando o barril de petróleo foi cotado em 1971 em 1,80 dólares, ninguém pensou que quatro décadas depois superaria os 145 dólares. É por isso que os analistas coincidem em que as quedas das cotações do combustível são temporárias e predominará nos mercados a tendência crescente.

A Opep, responsável por 33% da produção mundial de petróleo, de 50% das exportações e 72% das reservas provadas, foi fundada em Bagdá em 1960 por iniciativa da Venezuela, com o fim de coordenar e unificar políticas dos países membros, em defesa de seus interesses como produtores.

Fonte: Prensa Latina