Representantes de entidades de mulheres reivindicam diálogo

Realizada na manhã desta terça-feira, 2, no Auditório Solon Amaral da Assembleia Legislativa, a audiência pública que tratou dos assuntos referentes à manutenção da Secretaria de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial (Semira). O debate foi proposto pela deputada estadual Isaura Lemos, presidenta estadual do PCdoB em Goiás.

Audiência pública de manutenção da Semira

Na semana passada, o Plenário aprovou projeto da governadoria do estado sobre a fusão de algumas secretarias, entre elas a Semira, que será transformada em Mulher, Desenvolvimento Social, Direitos Humanos e Trabalho.

A mesa diretora foi composta pela presidenta dos trabalhos, deputada Isaura, e ainda contou com a participação de Ângela Café, presidenta do Conselho Estadual da Mulher do Estado de Goiás (Conem), Dolly Soares, do Centro de Valorização da Mulher Consuelo Nasser (Cevam), Cleuza Luiz de Assunção, ex-prefeita de Britânia, e Jucilene Barros, presidenta da Federação de Mulheres do estado de Goiás. Também estiveram presentes no evento representantes do Fórum Goiano de Mulheres, da Associação de Travestis do Estado de Goiás (Astral), entre outros convidados e representantes de classe e entidades.

Isaura Lemos abriu o evento comentando sobre as principais atividades relacionadas ao secretariado estadual. Desta maneira, a parlamentar defendeu que a fusão de pastas proposta pelo Executivo estadual poderá afetar diretamente os trabalhos já realizados pela Semira, uma vez que esta também será aglutinada a todas as pastas ligadas à área social.

Dolly Soares, diretora do Cevam, afirmou que os anos de luta das mulheres está sendo sepultado. Reafirmou que foi surpreendida pela aprovação da reforma administrativa, a qual reduz o número de secretarias estaduais. Neste ponto, na opinião da diretora do Cevam, as mulheres serão afetadas. Dolly afirma que esta reforma tem de ser discutida com a população, no propósito de esclarecer as informações, pois, segundo ela, tudo que vem a público é por meio da imprensa.

A representante do Cevam declarou que as mulheres perdem e muito com essa situação. Exibiu ainda estatísticas que comprovam a situação de violência em Goiás, o que classifica o estado entre os dez mais violentos em relação à mulher. Cerca de 16 mil crimes e mais de 800 estupros registrados pela Polícia em Goiás. Devido a essas estatísticas, Dolly ressaltou a importância da secretaria e ainda disse que Nion Albernaz foi o primeiro a inserir uma secretaria voltada às mulheres e que agora é contra a reforma proposta pelo atual governo.

Dolly declarou a opinião contrária em relação à junção da Semira com as demais secretarias do Desenvolvimento Social, Igualdade Racial, Direitos Humanos e Trabalho. A representante declarou: “ O Cevam é contrário à essa mudança, pois não consegue vislumbrar a construção de uma trégua para a guerra entre gêneros travada em Goiás e ignorada pelo poder público local. A questão é epidêmica e não deve ser relegada às estratégias da Segurança Pública, pois a perpetuação tem por garantia a omissão sóciocultural de governos, que se negam a liderar mudanças estruturais.” E concluiu: “Não queremos guerra, queremos diálogo, explicações.”

Abaixo-assinado

Isaura Lemos sugeriu a criação de um abaixo-assinado para que seja apresentado ao governador Marconi Perillo: ação no sentido de propor um diálogo e demonstrar a insatisfação das mulheres. Isaura afirmou que a atitude do Executivo estadual está sendo autoritária, uma vez que não abre diálogo para com os afetados pela reforma administrativa.

Angela Café declarou sua percepção sobre a situação referente à reforma administrativa. Disse ainda que a mesa diretora do Conem não foi ouvida em momento algum para afirmar a opinião da entidade sobre a forma como foi conduzida a extinção da Semira. A representante do Conem ainda leu o decreto que declara contrária a proposta de reforma a qual o Executivo propõe.

Cleuza Luiz afirmou sentimento de indignação perante o não diálogo do Executivo para com as entidades representantes das mulheres e suas políticas. Disse ainda que as mulheres não podem se omitir perante a situação imposta pela administração estadual e devem buscar o diálogo para que não haja prejuízos relacionados às políticas pertinentes ao universo feminino.

Jucilene Barros ressaltou a importância da discussão e ainda fez coro as demais componentes da mesa para que todas as entidades se unam em prol da manutenção da Semira sem que haja junção com as demais secretárias de assuntos sociais.

Lúcia Rincón, presidenta da União Brasileira de Mulheres (UBM), incentivou as participantes da audiência pública a reagirem com menos tristeza e mais indignação a esses fatos.

A deputada Isaura Lemos concedeu oportunidade de fala para os representantes de entidades presentes. Logo em seguida, apresentou a proposta de abaixo-assinado para apresentar ao governador do estado. O objetivo seria reunir ainda nesta terça-feira com o governador para barrar a aprovação da reforma administrativa que será votada, na tarde desta terça, na Assembleia Legislativa.

Comissão recebida por chefe da Casa Civil

Ao final da audiência pública que discutiu os assuntos referentes à manutenção da Secretaria de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial (Semira), a deputada Isaura Lemos, acompanhada de uma comissão de mulheres, foi recebida pelo chefe da Casa Civil do governo do estado, José Carlos Siqueira, e pelo secretário de gestão, Luiz Alberto de Oliveira, no Palácio das Esmeraldas. Isaura apresentou a proposta de abaixo-assinado a José Siqueira. O documento foi assinado por 40 entidades.

José Carlos deu as explicações técnicas em nome do governador. Ele disse não ver razões para essa chateação que foi demonstrada. “A Secretaria da Mulher não está sendo extinta e nenhum compromisso está sendo quebrado. Pelo contrário, ela vai se aperfeiçoar”, afirmou.

O chefe da Casa Civil pediu às participantes que confiem no governo, “pois ele está cortando a própria carne”.