Mídia manipula delação para criar factoide com campanha de Dilma

Seguindo a prática recorrente da grande mídia, as manchetes dos jornais desta quinta-feira (4) tentam, a todo custo, encontrar uma ligação da campanha de Dilma Rousseff com os recursos desviados na operação Lava Jato e, assim, manter o clima de terceiro turno.

Manchete dos jornis 04122014 - Reprodução Brasil 247

A bola da vez foi o depoimento da delação premiada do executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Toyo Setal. Segundo todos os jornais, a propina paga para o ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras Renato Duque eram “doações oficiais ao Partido dos Trabalhadores”. O que descaradamente a mídia esconde é que Mendonça Neto também disse no seu depoimento que não havia informado ao PT os supostos motivos das doações.

Mendonça afirma ter mantido, em 2008, uma reunião com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, na sede do diretório estadual do PT em São Paulo. Ele diz que na conversa com Vaccari teria dito que “gostaria de fazer contribuições” ao partido, mas que “não mencionou a Vaccari que as doações seriam feitas a pedido de Renato Duque”. O próprio Mendonça informa que Vaccari o orientou a como doar de forma legal e ele assim o fez.

Dessa forma, toda e qualquer doação ao PT ou a qualquer outro partido será pagamento de propina. Ou só o PT recebe doações de empresas? Além disso, Mendonça não cita somente o PT. Pelo contrário, diz que os acertos foram feitos com o deputado federal José Janene, falecido em 2010.

“A divulgação seletiva de informações, de modo a atingir adversários e proteger aliados é uma tradição de nossos jornais e revistas. Mas raras vezes se fez isso de forma tão descarada, sem o cuidado sequer de manter as aparências. Vamos combinar que quem é capaz de vazar informações prestadas de caráter confidencial, como consta do documento, deveria, pelo menos, cumprir o dever de prestar um relato fiel daquilo que se disse a Justiça. Afinal, o que se quer é elevar o padrão ético de nossas práticas políticas e econômicas, correto? Ou não?”, questiona o jornalista Paulo Moreira Lei em artigo publicado em seu blog e no Brasil 247.

Já o jornalista Eduardo Guimarães ressalta o fato do ministro do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que analisa as contas da campanha da presidenta Dilma Rousseff de forma diferente comparado a outros candidatos ao mesmo cargo.

Essa infração ao princípio da isonomia teria como pano de fundo uma tentativa política, portanto, subjetiva, de vincular as doações legais com a operação da Polícia Federal.

Nota do PT

O Partido dos Trabalhadores também rebateu por meio de nota a campanha da mídia golpista. “Reiteramos que o PT somente recebe doações em conformidade com a legislação eleitoral vigente. No caso específico, o próprio depoente reconhece em seu depoimento que foi orientado pela secretaria de Finanças do PT a efetuar as doações na conta bancária do partido. Os recibos foram declarados na prestação de contas apresentada ao TSE. Ou seja, todo o processo ocorreu dentro da legalidade”, diz o documento emitido pela Secretaria de Finanças do Partido dos Trabalhadores.

Reforma política

Os fatos só reforçam a necessidade de uma reforma política, como defende a presidenta Dilma Rousseff, que garanta o financiamento púbico de campanha, freando a grande influência do poder econômico nas eleições, que buscam favorecimento. Essa é a fonte da corrupção.

Com informações de agências