Histórias das bienais: a 2º edição e a parceria com o Rock’in Rio

A UNE está se preparando para a 9ª edição do maior festival estudantil da América latina. A ideia das Bienais da UNE, em 1999, deu início à realização de um ousado projeto de resgate do trabalho cultural do movimento estudantil que havia se dissipado ao longo dos anos, com a ditadura militar.

Cuca da UNE - UNE

A partir dessa data houve a possibilidade de se desenvolver um movimento cultural organizado, levado adiante pela juventude universitária. A iniciativa se consolidou de vez em fevereiro de 2001, com a realização da 2ª Bienal, no Rio de Janeiro.

Os debates sobre essa edição duraram quase todo o primeiro semestre de 2000, nos fóruns da UNE e, inclusive, em um Conselho Nacional de DCEs, em Juiz de Fora. Os jovens que organizaram o evento se mudaram para o Rio em julho, oito meses antes. Wadson Ribeiro, presidente da UNE na época, conta que a equipe era composta por diretores e também por diversos estudantes ligados aos cursos de artes.

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“Tivemos grande apoio do governo do estado, da UERJ e, contraditoriamente, fomos beneficiados também pela realização do Rock’in Rio, pois estávamos sem dinheiro para realizar o evento e como o Rock’in Rio aconteceria um mês antes da Bienal, fizemos uma parceria com os organizadores do evento e garantimos a meia-entrada para quem tivesse a carteira da UNE. Isso fez com que milhares de carteiras fossem produzidas e capitalizássemos a UNE para arcar com as despesas da Bienal”, explica o ex-presidente.

Foi durante a organização da 2ª Bienal da UNE que a discussão sobre uma forma de dar continuidade à produção cultural e artística nas universidades tomou fôlego. A grande contribuição da 2ª Bienal foi o amadurecimento deste trabalho cultural, que se expressou no lançamento do Circuito Universitário de Cultura e Arte, o Cuca da UNE. O debate girava em torno de uma iniciativa contínua que fomentaria a produção cultural e artística nas universidades para além das bienais.

“Uma atividade realizada antes da Bienal, em fevereiro de 2001, na UERJ, construída por um núcleo maior e mais consolidado de artistas e militantes foi, acima de tudo, marcante para amadurecer a compreensão sobre o movimento cultural da UNE. Percebeu-se que mais do que atividades regulares de dois em dois anos era necessário criar algo permanente. Foi aí que se apresentou a ideia de um instrumento chamado Cuca. Surge assim o primeiro núcleo, coordenado por Luis Parras, Priscila Lolata, Ernesto Valença, Ana Petta e Danilo Moreira”, explicou Wadson.

A novidade foi a participação de um grande número de personalidades da vida cultural brasileira. As presenças marcantes foram várias, como Augusto Boal e Ziraldo. Foi nesta edição que Oscar Niemeyer apresentou o projeto da sede da UNE na praia do Flamengo, 132. Tom Zé, durante um show épico, fez a música “Unidiversidade”, especialmente para o festival. O show do O Rappa também foi muito marcante. Realizado nos Arcos da Lapa, trouxe a primeira aparição pública de Marcelo Yuka. Em novembro de 2000, o baterista levou seis tiros ao tentar impedir um assalto no Rio de Janeiro e ficou paraplégico.

Além disso, a entidade propôs que as atividades subsidiassem a reflexão do tema “Nossa Cultura em movimento”, instigando uma discussão sobre a diversidade cultural brasileira. Houve espaço para programação não-oficial (Lado B) e visita às comunidades dos morros do Rio de Janeiro (Lado C),promovendo a interação dos estudantes com a cidade.

9ª Bienal

A 9a Bienal da UNE acontecerá entre os dias 1 e 6 dede fevereiro de 2015 no Rio de Janeiro. As atividades serão realizadas na Fundição Progresso e nos Arcos da Lapa. O tema desta edição é “#VozesdoBrasil” e faz um convite à reflexão sobre a linguagem no Brasil. São esperados mais de 10 mil estudantes de todas as partes do país para celebrar a diversidade cultural produzida dentro e fora das universidades brasileiras.

Inscrições

A Bienal é aberta a qualquer estudante. Para fazer o cadastro, é necessário preencher um formulário online. A inscrição para os participantes que querem fazer oficinas, ir aos shows e participar dos debates e outras atividades custa R$60.

As inscrições podem ser realizadas até dia 18 de janeiro, após esta data ainda é possível, porém pelo dobro do valor: R$120. Estudantes cotista, prounistas e do Fies estão isentos.

A inscrição dos estudantes que vão participar por meio da inscrição de trabalhos na mostra selecionada é gratuita. As áreas que receberão trabalhos são: música, artes visuais, literatura, audiovisual, artes cênicas, ciência e tecnologia e projetos de extensão. Esta modalidade pode ser realizada até dia 7 de janeiro. Os selecionados para a mostra serão divulgados no dia 14 de janeiro no site da UNE e no hotsite da Bienal.

Fonte: UNE