Especialistas apontam três causas para queda recorde do rublo

Valor do rublo russo despencou em relação ao dólar e ao euro nesta semana. Em resposta à queda, Banco Central elevou as taxas de juros em 6,5%. Apesar de afetar empréstimos para empresas e população em geral, medida poderá trazer benefícios após estabilização do mercado de câmbio.

Por Aleksêi Lossan, na Gazeta Russa

Banco da Rússia

Na negociação desta segunda-feira (15), o rublo caiu 9% em relação às moedas estrangeiras e, nesta terça (16), sofreu uma desvalorização recorde de 24% – índice registrado pela primeira vez na história da moeda russa. Ao longo do dia, a moeda conseguiu reverter a tendência negativa e terminou com uma queda de 15%. Os especialistas se dividem sobre as causas do colapso abrupto da moeda russa.

“Nas primeiras horas do dia verificamos uma forte valorização na negociação do rublo, com posterior declínio quase à mesma velocidade”, diz o analista da holding de investimento Finam, Anton Soroko, que culpa os especuladores pela volatilidade acentuada do rublo. “O mercado está tomado por capital especulativo, que provoca tais oscilações da moeda.”

A vice-diretora-geral de relações com instituições de crédito da FinEkspertiza, Natália Borzova, explica que o preço do rublo é geralmente determinado tanto por fatores de mercado, como por aspectos políticos. “A situação de hoje é uma resposta direta à mudança do curso político e, especialmente, à atuação do Banco Central, que se recusou a apoiar o rublo”, explica.

A queda do preço do petróleo também é apontada como um dos principais fatores para a derrocada da moeda nacional. e as previsões negativa que daí advêm. Nas negociações desta terça, o preço do barril do petróleo do mar do Norte fechou 2% mais barato do que o preço de abertura. Em seu mínimo, o petróleo tipo Brent, que serve de referência no mercado global, foi negociado a US$ 58,84 o barril, embora mais tarde o valor tenha subido ligeiramente para US$ 59,02.

No domingo (14), o ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos, Suhail al-Mazrui, declarou que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não vai reduzir a produção do petróleo mesmo que os preços cheguem aos US$ 40 por barril.

A futura dinâmica da taxa de câmbio do rublo depende de fatores diversos, incluindo a atuação do Banco da Rússia e das autoridades, defendem os especialistas. Exemplo disso foi uma retomada tímida da moeda russa depois de o presidente da Rosneft, Ígor Sétchin, ter anunciado que a petrolífera, a maior da Rússia, apoia o rublo e não planeja comprar dólares no mercado.

Juros recorde

Em resposta à forte desvalorização do rublo na noite de 15 para 16 de dezembro, o Banco Central elevou a taxa de juro de 10,5 para 17%– outro recorde na história moderna da Rússia. O aumento anterior havia sido de 9,5 para 10,5%, em 11 de dezembro.

O aumento da taxa de referência leva ao aumento do preço de empréstimos para empresas e população em geral. “É uma decisão radical que deve esfriar as emoções no mercado de câmbio. No entanto, não é desejável deixar a taxa muito tempo nesse nível, porque isso levaria ao declínio acentuado da atividade empresarial na Rússia”, aponta Anton Soroko.

“Depois que a situação no mercado de câmbios se estabilizar, o preço baixo dos títulos das empresas russas pode atrair um fluxo de investimentos para a Rússia”, acrescenta o analista da Finam.

Fonte: Gazeta Russa