Organização para Cooperação de Xangai prepara expansão

A questão da expansão da Organização de Cooperação de Xangai (SCO, na sigla inglesa) vai para além da conjuntura e de obstáculos artificiais, afirmou o secretário-geral da organização, Dmitri Mezentsev, depois de uma reunião do Conselho de chefes de governo dos Estados membros da SCO em Astana.

Por Konstantin Garibov*, na Voz da Rússia

Emblema Organização de Cooperação de Xangai

Esta organização regional inclui a Rússia, a China, o Cazaquistão, o Tadjiquistão, o Quirguistão e o Uzbequistão.

Na reunião participaram também delegações de países observadores: Irã, Afeganistão, Índia, Mongólia e Paquistão. Isso refletiu o seu crescente interesse em cooperação com a SCO, acredita Dmitri Mezentsev. Ele frisou que existem três pedidos formais de admissão na organização de novos membros: da Índia, do Paquistão e do Irã.

“As candidaturas estão sendo examinadas. Estou convencido de que o grupo de trabalho de peritos em expansão, que foi criado há dias, irá se reunir em 25 de dezembro na sede da organização em Pequim. Ele irá considerar as aplicações recebidas desses países. Há também pedidos de estatuto de observador e de estatuto de parceiro de diálogo. A interação com os observadores está se tornando cada vez mais intensa. Trata-se das áreas de segurança regional, cooperação cultural, humanitária, econômica e comercial. Isto agrada-nos, é um importante indicador da nova qualidade de posicionamento da SCO”.

A inclusão da Índia, do Paquistão e do Irã significaria automaticamente também a expansão do clube de potências nucleares que participam na Organização para Cooperação de Xangai. O diretor do Clube de Negócios da SCO, Denis Tyurin, chamou a atenção para esse fato: “Atualmente, a SCO inclui apenas a Rússia e a China como possuidores de armas nucleares. A adesão da Índia e do Paquistão faz da Organização para Cooperação de Xangai uma plataforma séria, na qual podem ser tomadas novas decisões comuns para fortalecer o regime de não proliferação nuclear”.

Denis Tyurin observou que vários observadores estão muito preocupados com o problema da região de Caxemira, que ensombra significativamente as relações indo-paquistanesas e irá sobrecarregar a agenda da SCO. Entretanto, o próprio perito acredita que a adesão da Índia e do Paquistão à Organização para Cooperação de Xangai como membros de pleno direito pode dar-lhes uma chance adicional para encontrar novas abordagens para resolver este problema antigo.

A expansão da SCO de 6 para 9 países após a adesão da Índia, Paquistão e Irã vai mudar substancialmente o mapa geopolítico da região e do mundo, acredita um membro-correspondente da Academia de Ciências da Rússia, Guennadi Chufrin: “A SCO já hoje é uma organização muito influente no mundo. Ela define, essencialmente, o clima político e econômico no espaço euro-asiático. A admissão de novos membros permitirá expandir significativamente a componente econômica da Organização, principalmente devido ao desenvolvimento dinâmico da Índia.

Está se intensificando também a cooperação energética, devido ao potencial de petróleo e gás do Irã. Politicamente, as novas possibilidades da SCO são ainda mais significativas. Em particular, graças ao papel do Paquistão na luta contra o terrorismo e na resolução do problema afegão. Em geral, podemos esperar, sem dúvida, um reforço significativo da autoridade da SCO no mundo como uma grande organização regional”.

Espera-se que a Índia, o Paquistão e o Irã possam ser admitidos na Organização para Cooperação de Xangai no verão de 2015, na cúpula da organização em Ufá (Rússia). Todas as questões jurídicas relacionadas com a expansão desta organização foram totalmente resolvidas na cimeira da SCO em Duchambé, em setembro deste ano.

*Articulista da emissora de rádio Voz da Rússia