PCdoB apresenta avaliação das eleições no Brasil e em MS

A direção do Partido Comunista do Brasil (PCdoB-MS), reunida em Campo Grande em 13 de dezembro, fez uma análise do resultado da campanha eleitoral de 2014, que agora divulga, após a aprovação pelo coletivo partidário. Em nota, os comunistas apontam a reeleição da presidenta Dilma Roussef como uma vitória das forças que acreditam no desenvolvimento econômico com distribuição de renda, o que representa um grande avanço para o país.

Como contraponto, o partido considera um retrocesso em Mato Grosso do Sul a conquista do governo estadual por uma oligarquia agrária conservadora representada pelo PSDB e seus aliados, com a eleição de Reinaldo Azambuja. “O estado será governado por um autêntico representante da elite agrária, dos fazendeiros reacionários e defensores das ideias noliberais”, diz o documento.

Na nota, a organização partidária relembra que, durante a campanha, combateu a gestão centralizadora, não democrática e despreocupada com impactos sociais e ambientais negativos do crescimento industrial em MS, além de reafirmar sua disposição de continuar a luta para que os serviços públicos de saúde, educação, qualificação profissional, habitação e segurança se ampliem e se estendam a toda a população, sobretudo aos trabalhadores, jovens e mulheres. O partido afirma que “estará vigilante e pronto para a luta caso o próximo governo do estado adote políticas retrógradas, contra os interesses do povo”.

Segundo o presidente estadual do PCdoB, Moacir de Abreu, essa avaliação “indica uma direção política em movimento, com informações e orientações sobre o quadro político, as forças em disputa e a realidade da construção partidária em MS”. A nota ainda traz um balanço sobre o desempenho eleitoral do partido, que vive uma “acumulação gradativa” e apresentou um crescimento de 72% em comparação com as eleições de 2010. Abaixo, o documento na íntegra.

Avaliação do resultado eleitoral de 2014 em Mato Grosso do Sul

Comemoramos a reeleição da Presidenta Dilma, mas lamentamos o fato de as forças da esquerda perderem a grande oportunidade de mais uma vez governar Mato Grosso do Sul.

01 – Nestas eleições, os brasileiros vivenciaram intensa luta política. O consórcio oposicionista formado pelo PSDB, seus aliados e a mídia golpista, que representam os interesses dos setores neoliberais e conservadores das classes dominantes, criaram um clima artificial negativo no país.

02 – A presidenta Dilma enfrentou a mais acirrada das disputas, (comparada à de 1989, quando Lula perdeu para Collor), contra todo o aparato midiático – TV, jornais impressos e eletrônicos, rádios e a virulenta campanha nas redes sociais –, sofrendo intensos ataques que propagaram preconceitos e o antipetismo. O resultado foi apertado: 54,5 milhões de votos para Dilma Rousseff contra 51 milhões de votos para Aécio Neves, ou 51,64 % contra 48,36 % dos votos. Sob difíceis circunstâncias, apoiada na mobilização dos movimentos sociais e da militância de esquerda, Dilma mostrou a fibra e a competência da mulher brasileira ao conquistar a quarta vitória consecutiva dos que acreditam na possibilidade do desenvolvimento econômico com distribuição de renda aos mais pobres.

03 – Em Mato Grosso do Sul, a oligarquia agrária conservadora, representada pelo PSDB e seus aliados, teve dupla vitória e venceu mais uma vez a disputa nacional. No primeiro turno, Aécio Neves obteve 41,31% dos votos contra 37,51 % obtidos por Dilma Rousseff; no segundo turno, o opositor tucano alcançou 56,33% dos votos contra 43, 67 % da presidenta. O PSDB conquistou também o governo do estado com 55,34 % dos votos para Reinaldo Azambuja contra 44,66 % dos votos para Delcídio do Amaral, do PT. Para o Partido Comunista do Brasil de MS, a vitória do PSDB representa um grave retrocesso, pois o estado será governado por um autêntico representante da elite agrária, dos fazendeiros reacionários e defensores das ideias neoliberais.

04 – Durante a campanha, juntamente com o nosso candidato a governador, o senador Delcídio do Amaral (PT), defendemos a renovação política para superar o paradigma da gestão centralizadora, pouco democrática e sem preocupações com os impactos sociais e ambientais negativos do crescimento industrial em Mato Grosso do Sul. Diante das novas circunstâncias, devemos intensificar a luta para que os contingentes populacionais promovidos pela nova matriz econômica do estado, sobretudo os trabalhadores, os jovens e as mulheres, sejam atendidos pelos serviços públicos de saúde, educação, qualificação profissional, habitação e segurança.

05 – Os comunistas se posicionam sempre ao lado dos que se propõem a lutar pela formação de uma maioria social e política liderada pela esquerda, com protagonismo dos movimentos sociais e na luta de ideias, capazes de impulsionar o desenvolvimento econômico e social com as salvaguardas ambientais de nosso patrimônio natural e para conquistar políticas públicas democráticas que ampliem os direitos dos trabalhadores. Dessa forma, com Dilma, atuará pelo avanço das reformas estruturais democráticas no país, ao mesmo tempo em que estará vigilante e pronto para a luta caso o próximo governo do estado adote políticas retrógradas, contra os interesses do povo.

As campanhas do PCdoB em MS

06 – De acordo com as nossas forças, acertamos na tática eleitoral e na condução política da campanha, bem como no envolvimento da militância partidária nas atividades da eleição de 2014. O PCdoB/MS realizou a maior campanha eleitoral de sua história, campanha militante, de propostas, crítica e, simultaneamente, buscando dialogar com amplas parcelas do povo. Empenharam-se todos, militantes, simpatizantes e amigos, da cidade e do campo, mulheres, jovens, intelectuais e artistas na campanha.

07 – O PCdoB de MS aumentou sua votação para deputado federal em 72,92 % em comparação com as eleições de 2010. Unimos o coletivo partidário em torno de apenas um candidato a deputado federal, em coligação com os partidos PT, PR, PDT, PTB, PROS e PTC. Na disputa para deputado estadual, crescemos 153,42 % em comparação com as eleições de 2010. Lançamos nove candidatos e candidatas à Assembleia Legislativa, seis homens e três mulheres, em coligação com os partidos PV, PTC e PPL.

08 – A retrospectiva dos resultados eleitorais do PCdoB em Mato Grosso do Sul observada nos registros do TRE-MS de 1990 até 2014, período em que os dados foram anotados pela Justiça Eleitoral, demonstra uma acumulação gradativa, mas também a insuficiência do esforço partidário na organização de militantes pela base e na sua formação, bem como uma frágil estrutura de comitês municipais mais permanentes. Se observarmos que a soma dos votos nominais de nossos nove candidatos a deputados estaduais, mais os votos da legenda 65 em 2014, teremos um total de 5.365 votos, sendo que 64,11% destes votos, o que representa 3.269 eleitores, foram de Campo Grande, comprovamos o acerto do esforço tático de construção partidária a partir da capital.

09 – A análise simples da acumulação gradativa pode nos levar à conclusão de que estivemos longe de conquistar uma cadeira no parlamento estadual. Entretanto, se os resultados eleitorais precisam confrontar a tática eleitoral definida, sua condução em campo e a mobilização partidária alcançada, em face das orientações traçadas no 13º Congresso e no 8º Encontro Nacional do PCdoB, será necessária ainda uma avaliação mais detalhada de todo o processo para subsidiar o debate crítico e autocrítico de nossa construção na frente eleitoral.

 

Campo Grande, 13 de dezembro de 2014

A Comissão Política Estadual do PCdoB/MS