Graça: A coisa mais importante para esta diretoria é a Petrobras

A presidenta da Petrobras, Graça Foster, fez uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (17) para falar sobre os últimos acontecimentos que envolvem a estatal e as ações promovidas pela empresa para investigar e punir os culpados.

Presidenta-da-Petrobras-Graca-Foster - Tomaz Silva/Agência Brasil

Graça afirmou que a preocupação e o esforço da diretoria é esclarecer os fatos e ressaltou que “não conseguiria trabalhar” sem a atual diretoria. “Temos um time. Temos uma forma de trabalhar muito próxima. Compartilhamos as dificuldades e nossas preocupações. Os diretores têm liberdade para tomar a decisão que quiserem, mas estamos juntos enfrentando essa situação”, disse, expressando o clima dentro da empresa diante dos fatos revelados pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

A presidente da principal empresa brasileira enfatizou que se sente motivada para recuperar a credibilidade da empresa e para aumentar os instrumentos de controle. Segundo ela, a Operação Lava Jato servirá como um aprendizado para a empresa, inclusive para os próximos projetos de refinarias da estatal.

Investigação apolítica

Ela destacou que empresa não está inerte diante dos acontecimentos. Foram contratados dois escritórios de advocacia, sendo um brasileiro e outro americano, para investigar, de forma independente, a presidenta da empresa, a atual diretoria e os gerentes executivos.

“Esses contratados entram na sua sala, abrem seu armário, entram no seu computador, no seu iPad. É uma investigação apolítica, que vai à raiz da sua vida profissional. É algo que a gente espera com muita ansiedade”, salientou Graça Foster.

Divulgação do balanço

Sobre a divulgação do balanço do terceiro trimestre da empresa, que foi adiada pela segunda vez e está prevista para o final de janeiro de 2015, Graça informou que o adiamento foi necessário devido às informações que estão surgindo nos depoimentos dados na Polícia Federal e nas delações premiadas. Um dos depoimentos aguardados pela empresa é o do ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, que, segundo Graça Foster, fará uma “colaboração premiada” à Justiça.

“Consideramos prudente não divulgar o balanço, pois há um conjunto de informações que ainda não foram prestadas. Há uma expectativa de que o depoimento de Barusco também venha e novas informações podem vir”, disse Graça. Barusco prometeu devolver US$ 97 milhões desviados da empresa, segundo ele, desde 1996.

Segundo Graça, a ideia de adiar o balanço é para verificar se haverá necessidade de reestimar o patrimônio da empresa. Caso o balanço seja divulgado antes dessas informações, talvez seja necessário corrigi-lo posteriormente. Graça Foster disse que essa é a primeira vez que um balanço da empresa não é auditado.

A presidenta da estatal também informou que a criação da Diretoria de Governança foi aprovada na reunião do Conselho de Administração e que uma empresa de recursos humanos já foi contratada para buscar candidatos. Em até 30 dias, a empresa deverá encaminhar uma lista com três nomes para que a empresa escolha.

O novo diretor terá entre as prerrogativas procurar irregularidades e não conformidades em projetos, antes que eles sejam avaliados pela reunião da diretoria da empresa.

Permanência no cargo

Sobre as especulações quanto a sua permanência no cargo, a presidente da Petrobras disse que conversou com a presidenta Dilma Rousseff sobre a sua própria demissão e sobre a saída dos outros diretores da empresa. Segundo ela, o assunto foi tratado algumas vezes com a presidenta, devido às investigações da Operação Lava Jato e ao atraso que isso vem causando ao fechamento do balanço financeiro do terceiro trimestre da empresa.

“A coisa mais importante para esta diretoria é a Petrobras. É muito mais importante que o meu emprego. Não vou dizer o que a presidenta me respondeu [sobre ter colocado o cargo à disposição]. Isso é ela que tem que dizer. Mas hoje estou aqui, presidenta da Petrobras, e vou continuar enquanto contar com a confiança da presidenta [Dilma] e ela entender que eu deva ficar”, disse Graça Foster.

Graça também falou sobre os e-mails encaminhados por Venina da Fonseca, antes de 2014. Ela afirma que as mensagens não explicitavam denúncias sobre irregularidades. Graça destacou que ninguém da diretoria atual sabia da corrupção, principalmente nas licitações, dentro da empresa e que só tiveram conhecimento dessas irregularidades quando a Petrobras foi citada na Operação Lava Jato.

Com informações da Agência Brasil