Rússia e China se unem pela segurança na esfera cibernética

Moscou e Pequim planejam concluir, no primeiro semestre de 2015, um acordo de cooperação e parceria na área de segurança informática. Não se exclui que o respectivo documento seja aprovado no âmbito da cúpula da Apec em Pequim, marcada para novembro. Todavia, conforme revelaram algumas fontes dignas de fé, o acordo poderá vir a ser mais consistente e prático, requerendo preparativos mais prolongados e detalhados.

Por Alexander Mamichev, na Voz da Rússia

Primeiro-ministro da China, Li Keqiang, se reuniu com seu homólogo russo, Dmitry Medvedev

O diretor do Instituto russo de Pesquisas Políticas, Serguei Markov, se debruçou sobre alguns aspectos do futuro acordo.

“O acordo russo-chinês no domínio de segurança cibernética abrange vários aspectos. Tal convénio sobre a adoção de medidas de confiança no ciberespaço será uma espécie de pacto de não-agressão eletrônica". Tais relações entre a Rússia e a China dirão respeito aos EUA. Isso é inevitável. A Rússia e os EUA já tinham assinado um acordo de segurança cibernética, embora esse não tivesse proporcionado uma confiança recíproca completa.

Nos últimos anos, Washington tem engendrado uma série de conflitos militares em vários pontos do globo, tendo violado com isso um conjunto de normas internacionais. Daí, a probabilidade de os EUA poderem “se esquecer” desse acordo. A China tampouco confia muito nos EUA. Deste modo, a Rússia e a China não afastam a hipótese de eventuais provocações por parte dos EUA. Uma outra ameaça à ordem mundial são os movimentos radicais como o Estado Islâmico. Esses grupos extremistas podem ser combatidos só através de esforços conjuntos”.

Em ótica de peritos, a preparação de um acordo russo-chinês nessa vertente vem ilustrando a aspiração dos dois países à colaboração em todas as esferas. Em comparação com os EUA, a Rússia e a China têm exposto enfoques mais reais e objetivos para com os problemas atuais de segurança cibernética e de direção da Internet, salienta Serguei Markov.

“Como o maior jogador no espaço informático, os EUA não se interessam por quaisquer limitações. Numa guerra cibernética, Washington espera sair vencedor. Por isso, a Rússia, a China e os outros países estão interessados em impedir a realização de tal cenário.

Atualmente, a Internet abrange todas as esferas da atividade humana. Por isso, os piratas informáticos podem, por exemplo, fazer explodir uma usina atômica ou paralisar a vida em uma megalópole. O metrô, as redes de eletricidade e outros sistemas estão ligados à Internet. A Rússia e a China irão colaborar a fim de criar os alicerces da segurança internacional nessa esfera importante”.
Segundo advertem especialistas, a comunidade mundial deverá elaborar mecanismos eficientes de regulação jurídica nesse ramo. Não se pode excluir a hipótese de um país, respondendo a um ataque virtual, poder retaliar com o uso de armas reais.

Ora, o acordo russo-chinês na esfera de segurança cibernética, se for um sucesso, poderá vir lançar as bases para um documento análogo a celebrar nos marcos do Brics e, depois, a nível internacional.