Olívia Santana: “Não há justificativas para o atentado na França”

A secretária nacional de Combate ao Racismo do PCdoB, Olívia Santana, atual titular da secretária de Políticas para Mulheres do Governo do Estado, manifestou “total repúdio” ao ataque de radicais islâmicos ao jornal francês Charlie Hebdo, conhecido por fazer sátiras às religiões. Olívia foi uma das debatedoras em uma mesa-redonda sobre Liberdade de Expressão e Intolerância Religiosa, que aconteceu nesta quarta-feira (21/1), na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Salvador.

Para a dirigente comunista, é preciso cautela ao falar em excessos na liberdade de expressão como justificativa do atentado na França, que deixou 12 pessoas mortas e 11 feridas, pois “não há justificativa” para o uso da violência. “Aqueles jornalistas não poderiam ser assassinados por emitir uma opinião. Esse episódio foi a morte da opinião”, defendeu Olívia.

A secretária disse defender outros métodos para combater a distorção da liberdade de expressão. “Defendo a regulamentação da mídia e a qualidade da informação. Não sou Charlie, mas também não contemporizo com a ação de grupos religiosos extremistas, obscurantistas, que, em nome de uma fé, mataram jornalistas, massacraram 2 mil pessoas, sequestraram e escravizaram mulheres”.

O encontro é parte da programação pelo 21 de janeiro, Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A ideia de incorporação da data no calendário brasileiro foi da própria Olívia, que primeiro propôs a criação no âmbito municipal, quando foi vereadora da capital baiana. A proposta dela foi levada, em seguida, ao Congresso Nacional pelo deputado federal Daniel Almeida, também do PCdoB, incorporando, assim, o 21 de janeiro ao calendário nacional.

A escolha do dia foi uma referência à memória da iyalorixá Mãe Gilda, morta em 2000, após um agravamento de problemas de saúde resultantes de um episódio de discriminação religiosa. Um jornal da Igreja Universal utilizou uma foto de Mãe Gilda, em uma edição, chamando-a de “macumbeira charlatã”. A filha dela, Mãe Jaciara, também esteve na atividade desta quarta-feira.

Além de Olívia e Mãe Jaciara, também estiveram o vice-presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Ernesto Marques; a presidenta estadual da União dos Negros pela Igualdade (Unegro), Sirlene Assis; o representante do Aganju (Afrogabinete de Articulação Institucional e Jurídica), Samuel Vida; além do presidente estadual da Ordem, Luiz Viana, e de membros de comissões temáticas.

De Salvador,
Erikson Walla