Cristina Kirchner está "convencida" de que promotor não se suicidou

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse estar “convencida” de que a morte do fiscal Alberto Nisman “não foi um suicídio”. Em carta publicada nesta quarta-feira (22) em seu blog, a mandatária reforça a tese de alguns analistas de que foram apresentadas “pistas falsas” a Nisman, e diz que a morte dele é uma “operação contra o governo”.

Cristina Kirchner

O fiscal, que denunciou um suposto encobrimento, por parte da presidente e de altos funcionários do governo, da apuração do atentado terrorista realizado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), há 21 anos, foi encontrado morto no domingo (18), com um tiro na cabeça, um dia antes de comparecer no Congresso para dar detalhes sobre a denúncia.

“A denúncia de Nisman nunca foi, em si mesma, a verdadeira operação contra o governo. Nisman não sabia e provavelmente nunca soube. A verdadeira operação contra o governo foi a morte do fiscal depois de acusar a presidente, seu chanceler e o secretário geral do La Cámpora de ser encobridores dos iranianos acusados pelo atentado terrorista à Amia”, afirmou.

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A mandatária menciona alguns artigos publicados pela imprensa argentina, entre eles a análise de Raúl Kollmann, publicado pelo jornal Página/12 que, segundo ela, derruba como um “castelo de cartas” o que fora apresentado como “denúncia do século”.

Após relembrar casos de supostos suicídios e que seguem sem esclarecimentos adequados, Kirchner acrescenta que “o usaram vivo e depois precisaram dele morto” e pontua uma série de questionamentos ao caso da morte de Nisman. “Por que iria se suicidar se não sabia que era falsa a informação que tinha? Por que iria se suicidar alguém que, sendo fiscal, gozava, ele e sua família, de uma excelente qualidade de vida? Por que foi autorizado o acesso à casa de Nisman a um médico privado de uma obra social antes de informar o juiz, os superiores, os forenses?”.

“Hoje não tenho provas, mas dúvidas”, disse Kirchner, para quem o caso foi trazido à tona para aproveitar a comoção mundial decorrente do atentado terrorista na França.

Entenda o caso

O atentado à Amia, em 1994, foi o maior ato terrorista já realizado na Argentina, matando 85 pessoas. Em 2006, uma decisão da Justiça argentina considerou o governo iraniano culpado de ter planejado o atentado, que teria sido executado pelo grupo libanês Hezbollah, com ajuda do Irã, que nega as acusações.

A pedido da Argentina, a Interpol determinou ordem de captura de cinco cidadãos iranianos e um libanês. Na lista dos acusados, estão iranianos que ocupavam altos postos no governo do então presidente Akbar Hashemi Rafsanjani (1989-1997) – entre eles, o ex-ministro da Defesa Ahmad Vahidi e o próprio Rafsanjani.

Fonte: Opera Mundi