África do Sul: CNA encara 2015 com novas energias
O governo sul-africano, liderado há duas décadas pelo Congresso Nacional Africano (CNA), anunciou para 2015 novos programas estatais nos setores de educação, trabalho e das fontes de energias.
Publicado 23/01/2015 15:19

Em seu discurso central para todo o país pelo ano que se iniciou, o presidente Jacob Zuma fez um chamado aos seus compatriotas para enfrentar esta nova etapa com um espírito reativado de cooperação e unidade em prol da implementação do Plano Nacional de Desenvolvimento.
O presidente pediu aos sul-africanos que continuem a transformação positiva e próspera do país sobre a base da Constituição e da Carta da Liberdade e em recordação dos 103 anos de fundação do CNA.
Neste ano, o Congresso Nacional Africano rememora o 60º aniversário da Carta da Liberdade, documento que serviu como declaração determinante e programática da organização criada em 1912.
“Trata-se de um texto preâmbulo da Constituição, o qual recorda que a África do Sul pertence a todos os que vivem nela, sejam brancos ou negros”, apontou Zuma.
No âmbito da administração nacional, o governo do CNA em colaboração com empresas do setor privado, ampliará o Programa de Desenvolvimento de Habilidades, para benefício de milhares de pessoas de comunidades historicamente desfavorecidas em zonas rurais.
A iniciativa multissetorial busca garantir capacitação profissional na área da agricultura para um grande número de famílias e conta com o apoio das empresas BKB e CoegaCorporation.
Este plano é financiado pelo Fundo Estatal pró Emprego e tem sido estrategicamente desenhado para combater o desemprego e apoiar a transformação dos camponeses em produtores comerciais.
Se desbloqueamos as potencialidades deste segmento populacional, a cota de mercado deste setor nas exportações se movimentará do atual 5,1% no produto interno bruto até quase 9%, explicaram especialistas do governo.
Os níveis de desemprego na África do Sul aumentaram até suas médias mais altas desde 2008, com mais de 5,2 milhões de pessoas de diferentes setores sociais nessa condição, informou o Bureau Nacional de Estatísticas no final de 2014.
De acordo com o relatório institucional, o índice de desocupação chegou até 25,5% no segundo trimestre de 2014, um aumento de 0,3 pontos porcentuais desde a estimativa anterior em março passado.
Quanto ao plano da instrução pública, o gabinete liderado por Zuma aumentou os fundos subsidiados do Plano Nacional de Assistência Financeira aos Estudantes, que beneficiará em 2015 milhares de jovens pobres e com deficiência no país.
De acordo com um relatório difundido pelo Ministério de Educação Superior, o programa ampliado com valor orçamental próximo aos 800 milhões de dólares financiará aproximadamente 405 mil estudantes universitários e de ensino técnico-profissional.
“Em 2014, a mesma iniciativa do governo proporcionou empréstimos estudantis e bolsas por mais de 670 milhões de dólares”, recordou a fonte.
Tais fundos foram colocados em circulação através dos escritórios de ajuda financeira em universidades e apoiam, sobretudo, habilidades críticas dos educandos nos setores de ciência, comércio, saúde e engenharia.
Por seu lado, o Departamento de Educação Básica (DEB) confirmou a criação de uma base nacional de dados para garantir que os professores sul-africanos qualificados estejam empregados em tempo integral nas escolas.
De acordo com um comunicado do DEB, o novo sistema eletrônico manterá uma atualização constante do cadastro de educadores profissionais em busca de trabalho e reduzirá o tempo de localização e provisão de docentes para as vagas.
O banco de dados é de fácil acesso a partir de qualquer ponto do país e os diretores e reitores de órgãos colegiais serão capazes de identificar rapidamente os professores que cumprem com os critérios para o qual estão tratando de ocupar, segundo explicou o Ministério.
Para enfrentar a crise elétrica nacional, autoridades do Departamento de Energia da África do Sul e empresários do setor privado informaram que estão procurando opções de compra em Moçambique.
Disse que está em andamento uma negociação para o desenvolvimento conjunto e a construção de um gasoduto de dois mil quilômetros que ligaria a bacia Rovuma, em Moçambique, com várias populações sul-africanas.
O convênio está sendo analisado entre a empresa com sede em Johannesburgo SacOil, a estatal Public Investment Corporation da África do Sul, e a companhia pública de Moçambique, Igepe.
Por seu lado, a principal empresa energética sul-africana, Eskom, confirmou que a primeira unidade da nova planta elétrica MedupiPower Station será ligada à rede nacional em junho próximo.
Porta-vozes do grupo paraestatal parabenizaram o feito porque a ativação dessa estação, na província de Limpopo, ao norte, contribuirá para aliviar os problemas estruturais no fornecimento para as nove províncias.
O porta-voz da Eskom, KhuluPhasiwe, disse em um jornal matutino de televisão que a unidade entrará em fase de teste de sincronização a partir de junho e depois será gradualmente ligada à rede.
“Este passo será de grande ajuda porque a África do Sul requererá em 2015 de uma grande quantidade de energia; a demanda de potência está crescendo o tempo todo e com a Medupi em pleno funcionamento teremos mais opções”, explicou Phasiwe.
Além disso, a Universidade de Western Cape e a companhia sul-africana Hot Platinum apresentaram em janeiro um protótipo de gerador elétrico a partir do hidrogênio, que segundo afirmam poderia resolver os problemas energéticos do país.
“Em um país que luta para satisfazer uma alta demanda de eletricidade, esta tecnologia oferece a esperança de que o hidrogênio poderia ser a resposta à busca de fontes de energia, alternativas renováveis”, explicaram em um comunicado ambas as instituições.
“O gerador produz eletricidade de uma maneira respeitosa com o meio ambiente, sem contaminação ou ruídos”, explicou o especialista Piotr Biulo. “Pode ser instalado em lugares remotos ou de difícil acesso, inclusive em cápsulas espaciais e satélites”, disse.
“Esta técnica é amplamente sustentável do ponto de vista logístico, ajudaria a reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, daria mais acesso de eletricidade às comunidades rurais, e entrega até um máximo de 2,5 quilowatts de energia”, indicou o especialista.
Biulo acrescentou que o aparelho tem uma vantagem sobre a energia nuclear ou de carvão, porque o hidrogênio pode ser produzido no local, por um eletrolizador de água, o que significa que não há necessidade de encanamento ou canal de combustível de outro lugar.
Sobre o ano de 2015, o presidente Zuma concluiu que para a África do Sul será um período de experiências vibrantes e igualmente exitosas e a chamada Nação do Arco-íris continuará demonstrando que é uma democracia estável com progresso social sustentado.
Fonte: Prensa Latina