Contra demissão, metalúrgicos da MTP acampam em frente à empresa

Depois de dez dias de intensas mobilizações por parte dos metalúrgicos da Volkswagen, no ABC, contra a demissão de 800 trabalhadores, agora é a vez dos metalúrgicos do setor de autopeças reagirem às demissões. Os trabalhadores da Metalúrgica de Tubos de Precisão (MTP), em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, estão acampados em frente à empresa que fechou as portas e demitiu, por telegrama, todos os 770 funcionários da unidade.

Metalúrgicos da MTP de Guarulhos - Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região

Josinaldo José de Barros (Cabeça), o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região, em entrevista ao Portal Vermelho, afirma que a empresa fabricante de tubos para automóveis e motocicletas tem um histórico de desrespeito aos direitos dos trabalhadores e as demissões não estão longe de ser um problema econômico.

“A política econômica está apertando o setor e termina afetando o emprego, mas no caso da MTP trata-se da má administração, incompetência mesmo. É também uma malandragem para fugir das obrigações”, disse Cabeça. Segundo o sindicalista, a empresa tem 60 anos de mercado e fornece peças para multinacionais como Honda e Yamaha. “Não tem como uma empresa com esse porte fechar dessa maneira e colocar a culpa na crise econômica”, enfatizou.

“Nossa luta contra o desrespeito da MTP não é de hoje”, disse o sindicalista afirmando que há dois anos a empresa não deposita o Fundo de Garantia de Tempo de Serviços (FGTS), atrasa os salários frequentemente e as férias e 13º salários dos trabalhadores também não foram pagos. Cabeça disse ainda que a MTP tem uma dívida de milhões em impostos aos governos federal, estadual e municipal. “Está fechando para abrir em outro lugar e utilizar a carteira de clientes. E quem paga a conta é o trabalhador”, salientou Cabeça.

Audiência no TRT

Os metalúrgicos estão acampados nos portões da fábrica para impedir que o maquinário seja retirado. Os trabalhadores temem não receber salários atrasados e a rescisão e querem os equipamentos como garantia. A empresa teria entrado com pedido de recuperação judicial dia 12 de janeiro.

Nesta quarta-feira (28) está marcada uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) a fim de garantir a quitação dos atrasados, reverter demissões e assegurar o pagamento de verbas trabalhistas. “Esperamos chegar a um acordo que garanta o pagamento dos salários. Caso contrário, além de Guarulhos, vamos ocupar a frente das duas unidades da empresa em Mauá”, advertiu metalúrgico.

Da redação do Portal Vermelho, Dayane Santos
Com informações da Agência Sindical