Dilma defende criação de fórum econômico e fim do bloqueio a Cuba

Ao discursar em sessão plenária da Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), nesta quarta-feira (28), na Costa Rica, a presidenta Dilma Rousseff comemorou a reaproximação das relações entre os EUA e Cuba e defendeu o fim do bloqueio econômico do país norte-americano à ilha. Dilma apresentou ainda a proposta de criação de um fórum composto por empresários dos países-membros para enfrentar a crise economia internacional e retomar um crescimento “robusto”.

Presidenta Dilma Rousseff durante 2ª Sessão Plenária da III Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
- Foto: Roberto Stuckert Filho/PR.

Ao iniciar sua fala, Dilma elogiou a “coragem" e "responsabilidade histórica" dos presidentes Barack Obama e Raul Castro pelo passo dado. Para ela, com o gesto, “começa a se retirar da cena latino-americana e caribenha o último resquício da Guerra Fria em nossa região”.

"Não podemos esquecer, todavia, de que o embargo econômico, financeiro e comercial dos EUA a Cuba, ainda continua em vigor. Essa medida coercitiva, sem amparo no direito internacional, que afeta o bem-estar do povo cubano e prejudica o desenvolvimento do país, deve, tenho certeza, do ponto de vista de todos países aqui representados, ser superada", declarou. Há exatamente um ano, e em outras ocasiões antes da normalização das relações, a presidenta havia se manifestado no mesmo sentido.

Dilma ressaltou ainda a "importante contribuição" do papa Francisco no restabelecimento das relações entre Cuba e EUA. O anúncio da normalização das relações entre os dois países é um dos temas que serão discutidos na cúpula, ao lado da aproximação do bloco com a China, que prometeu duplicar o intercâmbio comercial com a região e investir US$ 250 bilhões na próxima década.

Dizendo-se consciente de que a recuperação da economia mundial não ocorre com a força esperada, a presidenta declarou que a situação de baixo crescimento, queda no preço das commoditties e apreciação do dólar vai exigir "cautela e esforço" dos países da América Latina e do Caribe para estimular a competitividade na região.

Na opinião de Dilma, alguns subsídios "distorcem o comércio internacional" e as reações provocam "escaladas tarifárias" que dificultam as exportações de países em desenvolvimento. "Diante desse quadro torna-se urgente nossa cooperação, priorizando o comércio intrarregional e, ao mesmo tempo, sempre que possível, estimulando o desenvolvimento e a integração de nossas cadeiras produtivas", defendeu.

Após citar fóruns da comunidade com a China e com a União Europeia e pregar que a integração começa prioritariamente pelos vizinhos, a presidenta propôs a constituição de um fórum de empresários da Celac com a participação dos governos e das empresas. “Gostaria de propor um Fórum de Empresários da Celac com a participação dos governos e das empresas. Seu objetivo será desenvolver o comércio, aproveitando as oportunidades diversificadas que nossas economias oferecem e estimular a integração produtiva no espaço Celac, promovendo nossas relações com o resto do mundo. O Brasil valoriza o papel da Celac como área de cooperação e de acordo e esse será mais um passo nessa valorização”, afirmou a presidenta.

Indicadores sociais

Durante o discurso, Dilma citou avanços alcançados pelo Brasil e outros países da região para reduzir as desigualdades sociais. Ela ressaltou os índices obtidos pelo Brasil no combate à insegurança alimentar, por exemplo, o que tirou o país do Mapa da Fome da FAO. Ela também citou os esforços do governo para garantir a retirada de 22 milhões de pessoas da extrema pobreza somente nos últimos quatro anos. “Estamos resgatando os brasileiros da extrema pobreza e criando novas oportunidades para que progridam e melhorem continuamente de vida”, afirmou.

A presidenta avaliou que os avanços na área social têm sido uma tendência em todos os países da região. “Para nós é muito importante e um grande orgulho saber que este processo de inclusão social é comum a todos os nossos vizinhos da América Latina. Todos os indicadores disponíveis mostram que, na última década, a pobreza e a extrema pobreza diminuíram muito na região”, disse.

Encontro

A presidenta participa da 3ª Cúpula da Celac em San Jose, na Costa Rica, até esta quinta (29). O evento reúne chefes de Estado, de Governo e chanceleres dos 33 países americanos, com exceção dos Estados Unidos e do Canadá (que não são de origem latina). Presidentes do Uruguai, José Pepe Mujica, de Cuba, Raul Castro, da Venezuela, Nicolás Maduro, e do Chile, Michele Bachelet, estão no país para o encontro.

Nesta quinta-feira (29), as lideranças se recolhem em um retiro e participam da transferência da presidência pro-tempore do bloco, da Costa Rica ao Equador.

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Fonte: Agência Brasil e Blog do Planalto