Pedro Henrique Chaves Antero: Novo ministro

Por *Pedro Henrique Chaves Antero

A nomeação de Cid Gomes para o Ministério da Educação causou surpresas nos meios educacionais e desagradou o mundo político do centro-sul do país. Cid, entretanto, tem demonstrado vontade de mudar o quadro da educação, colocando o foco no ensino fundamental. Na verdade, o descuido do ensino básico no Brasil tem trazido prejuízos para o desenvolvimento do país e para o próprio cidadão.

Mais de meio milhão de jovens obtiveram nota “zero” na redação do último Enem. Isso significa que a alfabetização não foi completada e que os alunos não conseguem expressar-se, adequadamente, nem pela escrita nem pela palavra.

Cid está no caminho certo, ou seja, alfabetizar de verdade a juventude que já se encontra em escolas, mas que tem sérios óbices para o aprendizado. Essa realidade não é de hoje, mas se tornou aguda e incompatível com a necessidade de novos profissionais. O primeiro ato de Cid no ministério foi o anúncio do piso mínimo de salário para todo e qualquer professor no Brasil. Acontece, porém, que muitas prefeituras terão sérias dificuldades para honrar as novas regras de salário para o magistério. Assim, muitas escolas nas zonas rurais, ocupadas em geral por professores terceirizados, estão fechando suas portas.

A educação básica do povo é obrigação do país. Não nos interessa saber se as prefeituras têm ou não recursos para tanto. O governo da República terá que disponibilizar para os municípios os fundos necessários para a educação, desde que tudo seja auditado por quem de direito. Não há mais como conviver com a presença do binômio corrupção e analfabetismo em nossas comunidades. Cid deu a largada para uma transformação na educação. Apesar de engenheiro e não pedagogo, o ministro tem, entretanto, a sensibilidade e a experiência de alguém que conviveu com um povo pobre e sofrido. Mais do que a academia, a escola da vida pública fez de Cid um promissor administrador dos assuntos educacionais.


*Pedro Henrique Chaves Antero é Professor de Ciências Políticas

Fonte: O Povo

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