Copom estima que inflação comece a cair este ano

A inflação tende a permanecer elevada em 2015, mas a expectativa do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) é de que a taxa comece a perder força ainda este ano. Tal prognóstico foi publicado na ata da primeira reunião do colegiado no ano, quando se decidiu pelo aumento da taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual este mês, ao aumentá-la de 11,75% para 12,25%.

Por mais uma vez, as pressões exercidas pelos interesses dos representantes do financismo foram exitosas em sua campanha incansável pela elevação dos juros

"Para o Copom, o fato de a inflação atualmente se encontrar em patamares elevados reflete, em parte, a ocorrência de dois importantes processos de ajustes de preços relativos na economia – realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres", diz o colegiado.

"O Comitê considera ainda que, desde sua última reunião, entre outros fatores, a intensificação desses ajustes de preços relativos na economia tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável. Nesse contexto, o Comitê não descarta a ocorrência de cenário que contempla elevação da inflação no curto prazo, antecipa que a inflação tende a permanecer elevada em 2015, porém, ainda este ano entra em longo período de declínio. Ao tempo em que reconhece que esses ajustes de preços relativos têm impactos diretos sobre a inflação, o Comitê reafirma sua visão de que a política monetária pode e deve conter os efeitos de segunda ordem deles decorrentes", afirma a ata.

O colegiado ressalta que o cenário de convergência da inflação o centro da meta, que é 4,5%, em 2016, “tem se fortalecido”, mas que “sinais benignos vindos de indicadores de expectativas de médio e longo prazo ainda não se mostraram suficientes”.

Segundo a ata, o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias com as quais trabalha para as variáveis fiscais e que, no horizonte "relevante" para a política monetária, o balanço do setor público tende a se deslocar para a zona de neutralidade, e não descarta a hipótese de migração para a zona de contenção.

"O Comitê nota ainda que a geração de superavit primários compatíveis com as hipóteses de trabalho contempladas nas projeções de inflação contribuirá para criar uma percepção positiva sobre o ambiente macroeconômico no médio e no longo prazo. Destaca, também, que essa trajetória de superavit primários fortalecerá a percepção de sustentabilidade do balanço do setor público", diz o documento, ressaltando que isso ajuda a reduzir o custo de financiamento da dívida pública, com repercussões favoráveis sobre o custo de capital de modo geral, em última instância, estimulando o investimento privado no médio e no longo prazo. "Especificamente sobre o combate a inflação, o Comitê destaca que a literatura e as melhores práticas internacionais recomendam um desenho de política fiscal consistente e sustentável, de modo a permitir que as ações de política monetária sejam plenamente transmitidas aos preços".

O Copom ressaltou que o patamar elevado da inflação reflete ajustes dos preços domésticos em relação aos internacionais e dos preços administrados em relação aos livres. No parágrafo da ata em que detalha os preços administrados, regulados pelo governo, o comitê divulga uma projeção de variação de 9,3% em 2015 ante os 6% considerados na reunião de dezembro do ano passado.

“Entre outros fatores, essa projeção considera hipótese de elevação de 8% no preço da gasolina, em grande parte, reflexo da incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e do PIS/Cofins; de 3% no preço do gás de bujão; de 0,6% nas tarifas de telefonia fixa e de 27,6% nos preços da energia elétrica, devido ao repasse às tarifas do custo de operações de financiamento, contratadas em 2014, da Conta de Desenvolvimento Energético”, informa a ata da reunião.

Fonte: Jornal GGN