Graça Foster e diretores apresentam análise contábil da Petrobras

A presidenta da Petrobras, Graça Foster, participou nesta quinta-feira (29), ao lado de diretores, de uma teleconferência, na sede da empresa, com investidores e analistas para o detalhamento das demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014 sem o relatório de revisão do auditor externo. Graça Foster anunciou ainda que "a Petrobras tentará manter os combustíveis com preços atuais".

Segundo ela, a Petrobras pretende reduzir investimento e evitar contratar novas dívidas em 2016. “Se a área de exploração era prioritária, hoje ela toma uma dimensão muito maior. É prioritária e seletiva, dentro da própria área do AIP [Acordos de Individualização da Produção]. Projetos de menor atratividade, também dentro do AIP, vão para o final da fila. Então 2016 vai estar dentro do PNG [Plano de Negócios e Gestão] 2015/2019, e a essência é a revisão do crescimento da Petrobras nos próximos anos”, disse, acrescentando que a empresa precisava refazer a sua carteira de investimentos e isso já está em andamento.

Para a presidenta, o objetivo da companhia no PNG 2015/2019, que, segundo ela, será divulgado em junho deste ano, é a avaliação do tamanho da Petrobras. “O grande mote do nosso plano 2015/2019 é o redimensionamento da Petrobras, em nível da nossa financiabilidade e do que é factível objetivamente ser construído no Brasil ou no exterior. Esse é o mote”, destacou na entrevista que se seguiu à teleconferência.

O diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza, informou que tanto a Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, quanto o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), localizado no leste fluminense, estão passando por uma reavaliação dos contratos. “A Abreu e Lima está em processo semelhante ao Comperj e estamos em função da reavaliação dos contratos das empresas, inclusive das envolvidas na Operação Lava Jato, reestudando”, informou.

Já o diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Almir Barbassa, disse que, para a divulgação do balanço anual da empresa de 2014, estão sendo considerados os prazos de 120 dias a partir do fim do ano, mais 30 ou 60 dias, dependendo da natureza da dívida. Segundo ele, a ampliação do prazo é uma possibilidade que qualquer empresa leva em consideração. “Nós não descartamos, se enxergamos que é necessário. É uma das alternativas disponíveis e que, se não progredirmos como estamos planejamentos dentro dos prazos que temos, sem dúvida é uma consideração a ser feita”, disse.

O diretor de Exploração e Produção, José Formiglio, informou que a participação da Petrobras em leilões também vai ser reduzida. “Terá que ser de uma seletividade imensa para avaliar se vale a pena participar. Mas a realização dos leilões é decisão do governo”, completou.

Sobre a exploração de petróleo na camada pré-sal, Formigli assegurou que não há alterações nos planos da empresa. Ele explicou que atualmente a empresa e parceiros estão alcançando resultados melhores na perfuração de poços, com menos custos e maior produtividade. “Não há nenhum indicativo neste momento de mudança de plano no pré-sal, seja na Bacia de Santos, seja Bacia de Campos”, analisou.

Combustíveis

A presidenta da Petrobras, Graça Foster, disse que os preços dos combustíveis no Brasil estão acima dos valores do mercado internacional, mas estiveram abaixo durante os últimos meses e a intenção é manter o patamar atual.

“Vou trabalhar intensamente para que a gente mantenha esses preços, porque é muito importante para o caixa da companhia. Sabemos que perdemos parte do nosso market share (participação no mercado), porque alguma gasolina e diesel vão entrar no Brasil através de outras distribuidoras, mas, ainda assim, é extremamente importante para o caixa da companhia, principalmente nos anos de 2015 e 2016, que a gente tenha essa diferença a favor para o caixa da Petrobras”, explicou Graça Foster em coletiva na sede da empresa, após participar de teleconferência com investidores e analistas para detalhar as demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014, sem revisão da auditoria externa.

Graça Foster considerou compreensível a preocupação do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, que pretende suspender o regime especial de recolhimento de impostos da Petrobras, por causa de queda na arrecadação do estado. A executiva adiantou que vai ter um encontro com o governador para discutir a questão, que segundo ela, foi levada à reunião que teve na última quarta-feira (28), em Brasília, com a presidenta Dilma Rousseff.

“É compreensível a preocupação do governador Pezão. Nós conversamos recentemente, por telefone, e tenho uma agenda na semana que vem com o governador, e é compreensível. A gente paga menos participações especiais. [Com o] preço do petróleo a US$ 50, US$ 48 dólares por barril, entendo que os estados estarão todos fazendo esforços para que fechem suas próprias contas. Nós temos uma reunião na próxima semana para conversar inclusive sobre o Comperj [Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro]”, adiantou.

Graça Foster afastou qualquer desentendimento com o governador sobre a questão. “Não há estranhamento com o governo do Rio. A Petrobras e o governo do estado sempre foram parceiros, em especial, talvez, nos últimos dez anos. Tenho certeza que vamos encontrar soluções interessantes para os dois lados”, completou.

Enquanto a conferência e a coletiva ocorriam na sede da empresa, do lado de fora do prédio, uma manifestação organizada por integrantes do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro pedia que a empresa resolvesse o atraso no pagamento de salários e direitos trabalhistas, por parte da empresa Alumini Engenharia, a empregados das obras do Comperj, da Petrobras, em Itaboraí.

A Petrobras já se posicionou em relação ao caso, dizendo que a dívida é da Alumini, mas o diretor do sindicato, Brayer Grudka Lira, contestou. Ele explicou que no acordo coletivo dos petroleiros, de 2013, foi estabelecida a criação de um fundo garantidor para separar o percentual de até 5% destinado a cobrir eventuais problemas que possam surgir em contratos com outras empresas. “A Petrobras teria que acionar esse fundo, que vem do dinheiro do contrato”, disse.

Com informações da Agência Brasil