ONU debate Gaza, Ucrânia, dívida soberana e Boko Haram

A lenta reconstrução da Faixa de Gaza, a escalada de violência na Ucrânia, a sessão inicial do Comitê para reestruturar a dívida soberana e a ofensiva terrorista de Boko Haram traçaram nestes últimos dias os temas de interesse das Nações Unidas.

Edifício sede das Nações Unidas

Devastada por três agressões israelenses nos últimos cinco anos, Gaza enfrenta uma aguda crise humanitária, agravada pela falta de recursos para melhorar as condições de vida de milhares de palestinos.

Nesse sentido, os secretários gerais da ONU, Ban Ki-moon, e da União dos Estados Árabes, Nabil Al Araby, solicitaram aos doadores que cumpram o quanto antes os compromissos assumidos na Conferência do Cairo, em outubro do ano passado.

Ao redor de US$ 5,4 bilhões foram oferecidos na capital egípcia para a reconstrução de Gaza, contra a qual Telavive lançou um ataque em meados de agosto de 2014 que durou 50 dias de bombardeios aéreos e incursões terrestres. O saldo foi de 2.100 mortos, 10 mil feridos e dezenas de milhares de moradias danificadas ou destruídas.

"Precisamos do desembolso desses recursos, incluindo os destinados às agências das Nações Unidas presentes na Faixa de Gaza, com intuito de evitar que se deteriore ainda mais a já dura situação humanitária", advertiram Ban e Nabil em um comunicado.

A respeito da crise no sudeste da Ucrânia, a ONU reiterou os chamados de deter as hostilidades e respeitar os protocolos pactuados em setembro em Minsk.

Segundo a organização, cerca de 5.400 mortos e 1,6 milhões deslocados internos e externos são motivos mais do que suficientes para impulsionar a busca da paz duradoura entre o governo e os rebeldes federalistas.

O Secretário-geral e outras altas representações expressaram preocupação pela escalada dos bombardeios na região de Donbass, onde os milicianos proclamaram a independência de Donetsk e Lugansk, em rejeição ao golpe de Estado de fevereiro de 2014, as eleições que lhe seguiram e a postura radical e contrária à Rússia das novas autoridades de Kiev.

Também teve grande destaque nesta semana a primeira sessão do Comitê das Nações Unidas sobre o Processo de Reestruturação da Dívida Soberana, que celebrou três dias de trabalho e elegeu a Bolívia para encabeçar o órgão criado em dezembro pela Assembleia Geral.

Sobressaiu no fórum o interesse de impulsionar um marco legal multilateral, que ajude à estabilidade do sistema financeiro internacional e proteja os países do sul da voracidade dos fundos especulativos (chamados fundos abutres).

A questão dos fundos abutres ganhou força no ano passado, a partir da batalha da Argentina com os compradores de títulos da dívida respaldados pelo juiz norte-americano Thomas Griesa.

No caso de Boko Haram, o Conselho de Segurança condenou a escalada de seus ataques na Nigéria e Camarões e pediu à região para coordenar uma resposta militar que freie a ofensiva dos mulçumanos.

O órgão de 15 membros, presidido neste mês pela China, condenou ainda as ações dos extremistas contra a população civil e as tropas tchadianas, que apoiam a seus vizinhos no confronto ao grupo radical que opera desde 2009.

Nos primeiros dias de fevereiro, a população tem sido testemunha de uma escalada da violência por parte do Boko Haram, com dezenas de pessoas assassinadas em povoados como o cameronês Fotokol, além da morte de 13 soldados tchadianos.

No último fim de semana, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, respaldou as iniciativas da União Africana (UA) de estabelecer uma força multinacional para enfrentar a Boko Haram.

Fonte: Prensa Latina