Sem planejamento, Alckmin afunda São Paulo em crise hídrica

São Paulo enfrenta, nestes últimos dois anos, o temor da seca. Com o agravamento da crise no abastecimento d´água, os paulistanos temem o pior e o governo estadual, com o apoio da mídia local e nacional, põem a conta em São Pedro. A cada semana que passa, os reservatórios dos sistemas produtores têm suas capacidades reduzidas, o que gera desespero principalmente da parcela da população mais vulnerável.

Alckmin afunda São Paulo em críse hídrica

Outro problema grave de gestão foi a demora para admitir a crise, o que diminuiu as chances de agir a tempo. Pelo cálculo de especialistas, se nada for feito para diminuir o consumo, a água deverá se esgotar completamente antes de abril. E aí, como vai ser a vida sem água?

De acordo informações do governo tucano, o Sistema Cantareira, que abastece a grande São Paulo está em 12,2%. No Alto Tietê, o nível está em 6,5%, enquanto no Guarapiranga, 39,2%. No sistema Alto Cotia, o nível chegou hoje a 30,2%. Rio Grande e Rio Claro registraram, respectivamente, quedas e agora ambos registram 43%. Estes já são indicadores que em si já alarmam e geram pânico na principal metrópole brasileira. E segundo especialistas, se nenhuma ação enérgica for feita, a tendência é a percentagem dos sistemas diminuírem cada vez mais.

Em São Paulo, estima-se que a escassez de água afeta cerca de 24 milhões de pessoas em 67 municípios de São Paulo e também de Minas Gerais, Mas só a falta de chuva não explicaria a secura das torneiras.

Gestão desarticulada

A sombra do colapso já povoa as ruas da maior cidade do Brasil. É bom que fique claro que os problemas nos sistemas de abastecimento hídrico não são fruto, somente, de fatores climáticos. A má gestão do governo tucano também deve pagar essa conta.

Uma pesquisa recém divulgada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, constatou que a atual situação do Sistema Cantareira é um problema de governo. Entre os anos de 2013 e 2014, a mestre e doutora em Ecologia Aplicada, Micheli Kowalczuk Machado, conduziu estudos que mostram que atualmente não existe nenhum tipo de mecanismo de interação entre as ações das Unidades de Conservação e dos Comitês de Bacias Hidrográficas.

“Ações articuladas entre essas organizações são essenciais e cada vez mais necessárias para procurar soluções”, afirma. Segundo Micheli, a população deve estar realmente envolvida nas discussões, por isso há também a necessidade de elaborar estratégias que ampliem a participação e a mobilização social e que trabalhem o diálogo de saberes.

A Sabesp e o governo do Estado não cuidaram da manutenção da rede de abastecimento. Segundo relatório da própria Sabesp, 17% da rede na Região Metropolitana tem mais de 40 anos de uso e 34%, entre 30 e 40 anos. Diante de dados técnicos tão evidentes, como o governo tucano não se deu conta da situação? A resposta não é climática, nem tampouco requer noções de engenharia. É sobretudo de interesses econômicos temperada com uma gestão irresponsável.

E o Tietê?

Nas últimas duas décadas, mais de R$ 3 bilhões foram gastos em obras para tentar despoluir o Tietê, maior rio de São Paulo, com 1.100 km de extensão, e o mais sujo do país. Nada funcionou, mas se estivesse limpo o Tietê poderia ser hoje uma ótima alternativa para o abastecimento de água no Estado, que passa por uma gravíssima crise hídrica.

Nada funcionou, mas se estivesse limpo o Tietê poderia ser hoje uma ótima alternativa para o abastecimento de água no Estado, que passa por uma gravíssima crise hídrica.

Há 23 anos nasceu o primeiro projeto de despoluição, assim como foi feito no Tâmisa, em Londres e no Sena, em Paris. Em 1993, mais da metade da água do rio Tietê era inutilizável, mas hoje chega perto de 12%, concentrados na região metropolitana de São Paulo.

Crime contra o povo de São Paulo

Denúncia feita no final de outubro diz que a Sabesp foi impedida de alertar a população de São Paulo da gravidade da situação. O áudio vazado de uma reunião de cúpula da empresa, sem data, mostra que a presidente da Sabesp, Sra. Dilma Pena, defendeu o alerta, mas acatou ordens superiores de não fazê-lo: “Cidadão, economiza água. Isso tinha de estar reiteradamente na mídia, mas nós temos que seguir orientações, nós temos superiores, e a orientação tem sido essa. Mas é um erro”, diz no áudio.

Em outras palavras, seus superiores do Palácio Bandeirantes, sede do governo do Estado, escondeu ao máximo a real intensidade da crise para que esta não respingasse na sua reeleição.

Do Portal Vermelho
Joanne Mota, com agências