Trégua pode ajudar em solução política e mediação na Ucrânia  

Concluir a reunião do Grupo de Contato com um acordo de cessar fogo entre as partes do conflito ucraniano permitiu ampliar as possibilidades de apoio internacional a uma solução política da crise nesse país.

Soldados do exército ucraniano

Precisamente dos resultados concretos desse encontro entre delegados de Kiev e representantes das regiões rebeldes do Donbass dependia a realização, nesta quarta-feira (11), da cúpula do chamado grande quarteto de Normandia, conformado pela Rússia, Alemanha, França e Ucrânia.

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou, domingo (8), a possibilidade de uma reunião com seus pares Francois Hollande, Angela Merkel e Petro Poroshenko, caso surjam decisões factíveis e seja possível conciliar uma série de posições, o que têm estado em pauta nas discussões dos últimos tempos, argumentou o mandatário.

Antecipadamente, Putin recebeu no Kremlin sexta-feira (6) Hollande e Merkel e acordaram continuar o trabalho conjunto em torno de um documento que apresentariam às partes.
As evidentes divergências entre os aliados europeus e os Estados Unidos, de um lado, e a postura invariável da Rússia ao redor do conflito ucraniano, sua origem e consequências, representaram ao parecer um problema importante demais.

Outra reunião em Minsk, no formato do Grupo de Contato, integrado pela Organização para a Segurança e Cooperação em Europa (OSCE), Rússia, Ucrânia e Donbass, decidiu que fossem realizadas na segunda-feira (9) consultas em Berlim entre os quatro países, para garantir conjuntamente a implementação de importantes decisões.

Por enquanto, foi decisivo o acordo de trégua nesta terça-feira (10), à noite, entre os delegados de Kiev e comissionados especiais de Donetsk e Lugansk e o recuo do armamento pesado através de mecanismos de controle e de implementação na prática.

Segundo declarou uma fonte diplomática próxima às negociações, as partes discutiram o futuro da organização político-administrativa e territorial da Ucrânia e de Donbass, em particular, ainda que não tenham divulgado detalhes do conteúdo dos acordos.

Outro tema de acordo tem a ver com a realização de eleições nas regiões do sudeste ucraniano, que se declararam independentes da Ucrânia depois da realização em maio de 2014 de referendos consultivos em Donetsk e Lugansk.

As consultas populares foram realizadas depois de meses de protestos, depois do golpe de estado em Kiev, em fevereiro do ano passado e da proclamação das duas repúblicas populares como novas instituições territoriais e administrativas.

Consultado sobre as expectativas do encontro de alto nível em Mnsk, nesta quarta-feira, o cientista político russo e professor do Instituto de Relações Internacionais de Moscou, Kiril Koktysh, declarou ao canal 1 da Bielorrússia que não seria muito difícil as partes encontrarem um consenso em um programa mínimo.

Fez referência a um pacto de cessar fogo duradouro e à retirada do armamento de grosso calibre, sob supervisão da OSCE.

O especialista considerou, no entanto, que outros temas como a separação do sudeste ucraniano e o formato de organização de Donetsk e Lugansk seriam as questões mais difíceis de conciliar.

“Há assuntos específicos que não são convenientes nem à Ucrânia nem aos europeus, e também outros pontos que não são vistos com bons olhos pela Rússia”, observou Koktysh, como uma possível entrada da ex-membro da República Soviética à Otan.

Por enquanto, ainda são desconhecidos o lugar exato e a hora dessa reunião magna em Minsk e os pontos da agenda.

Fonte: Prensa Latina