Condenado no Banestado recebeu nota fria a pedido de "amigo" de Cunha

A EBCP, empresa que recebeu uma nota fria no valor de R$ 1,2 milhão da GFD (uma das empresas que compõem a lavanderia do doleiro Alberto Youssef), pertence ao empresário Giovani Gionédis, o ex-presidente do Conselho de Administração do Banestado apontado pela Justiça do Paraná como operador do caixa dois da campanha de Jaime Lerner (ex-PFL, hoje sem partido) ao governo do Estado, em 1998.

Condenado no Banestado recebeu nota fria a pedido de "amigo" de Cunha

A informação sobre a propriedade da EBCP (Empresa Brasileira de Consultoria Econômica e Participações Ltda.) foi dada com exclusividade ao GGN pela ex-contadora de Youssef, Meire Poza, que contribui na condição de testemunha com a Lava Jato. A operação se debruça sobre indícios de formação de cartel, pagamento de propina a executivos e políticos e supertafuramento de contratos na Petrobras.

Essa semana, Meire foi alvo de reportagens na Rede TV!, nas quais revela a amizade de Ari Ariza com o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB). Ari é um empresário que tinha negócios com Youssef e se dizia, segundo Meire, muito íntimo do presidente da Câmara Federal. Foi Ari quem pediu à Meire a emissão da nota fria de R$ 1,2 milhão, forjada em 24 de outubro de 2014.

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"Depois de deflagrada a Lava Jato, eu estive com o Ari – até porque ele tinha preocupação com essa nota da GFD – e ele disse que se eu precisasse de alguma coisa, ele poderia falar com o deputado Eduardo Cunha”, contou Meire.

Em troca de mensagem com a equipe do GGN, Meire comentou que a EBCP "é uma empresa de Curitiba, de um empresário chamado Giovani Gionédis. Quem intermediou essa operação [entre GFD e EBCP] foi o Ari Ariza, que me falou que é grande amigo do deputado Eduardo Cunha, embora o deputado não tenha sido citado nessa operação."

O advogado tributarista Giovani Gionédis foi presidente do Conselho de Administração do Banestado, na gestão de Jaime Lerner no Paraná, no final da década de 1990. Ele também passou pela Casa Civil e a Secretaria de Finanças do Estado. Anos depois, presidiu o Coritiba.

No caso Banestado, Gionédis foi condenado a quatro anos de reclusão e multa, em 2008, em ação movida pelo Ministério Público Federal, que acusou ex-gestores do Banestado de utilizar de maneira fraudulenta a estrutura da instituição financeira para viabilizar doação eleitoral irregular à campanha de Lerner, em 1998, no valor de R$ 1 milhão.

Segundo a denúncia, a empresa Bauruense Serviços Gerais teria entregue a Gionédis (coordenador financeiro da campanha de reeleição de Lerner) oito cheques administrativos nominais a supostos laranjas. "Gionédis, então, teria ordenado a diretores do Banestado a realização de saque em espécie de R$ 1 milhão na tesouraria do Banestado. Após o saque fraudulento, o dinheiro foi repassado a Gionédis e os cheques foram entregues aos diretores que os repassaram ao banco para compensação do saque."

Em 2014, o juiz Sergio Moro, que atua na Lava Jato, condenou Alberto Youssef a quatro anos de prisão por participação no caso Banestado. De acordo com o MPF, Youssef ajudou uma empresa de veículos a conseguir um financiamento de 1,5 milhão de dólares junto ao Banco, em troca de pagamento de propina ao operador internacional da instituição.

A EBCP, de Gionédis, está listada entre as empresas que operam na Bovespa. A contadora Meire Poza afirmou ao GGN que não tem condições de afirmar se a empresa de fato existe e presta atividades.

Em outubro de 2014, Meire colaborou com a CPI da Petrobras também na condição de testemunha. Naquele dia, Eduardo Cunha atacou a contadora afirmando que faria uma representação para que ela voltasse a falar à CPI na condição de investigada, além de solicitar a quebra de seu sigilo fiscal. Antes da CPI começar, outro deputado do PMDB, Lucio Vieira Lima, tentou junto à presidência da Comissão que o depoimento de Meire tivesse caráter sigiloso.

Já Ari Ariza, que diz ter amizade forte com Eduardo Cunha, é “Ari Teixeira de Oliveira Ariza, condenado em 2010 a pagar R$ 500 mil de multa por operações cambiais fraudulentas realizadas em 2002, num processo que envolveu a Eucatex (de Paulo Maluf), Flávio Maluf e a Corretora Bônus-Banval, aquela do padrinho de Paulo Roberto Costa, o falecido José Janene (PP). Ah, e a UTC Engenharia, uma das metidas na Lava Jato”, segundo publicou o Conversa Afiada.

Fonte: Jornal GGN