Luis Nassif: A arte coletiva de destruir a riqueza nacional

Em artigo publicado nesta sexta-feira (20) em seu blog, o jornalista Luis Nassif discorresobre o perigo dos ataques à Petrobras e aponta o despropósito da "oposição desvairada", que soma-se a "uma mídia insensata, que só consegue olhar o país com seus próprios interesses, "e se terá desenhado o mapa da insensatez, com a destruição de ativos brasileiros preciosos".

Leia abaixo a íntegra do artigo:

Em geral diz-se que a esquerda é antiempresarial e a direita é liberal. No Brasil, a pesada herança da colonização consolidou um enorme sentimento anti-trabalho, anti-atividade produtiva também na direita, da qual os grupos de mídia são os principais arautos. Das novelas da Globo às seções econômicas dos jornais, o rentismo é atividade nobre; a atividade produtiva, uma excrescência tocada por chorões.

Só isso para explicar a inércia com que o país contempla a destruição de ativos relevantes das empreiteiras envolvidas com a operação Lava Jato.

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Esse sentimento obtuso de “punir” empresas – e não seus controladores – não é de agora.

Uma empresa não é apenas seus ativos. É a inteligência que juntou, a rede de fornecedores, o quadro de funcionários, a marca, a tecnologia desenvolvida. Fechada, a empresa resume-se a um tanto de máquinas e prédios. É uma perda coletiva, não apenas para seu entorno, mas para o país.

Por isso mesmo, em qualquer país com um mínimo de racionalidade coletiva, qualquer punição a ilícitos miraria executivos e controladores, não as empresas.

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Tome-se o caso da Lava Jato.

Uma empreiteira não prevarica. Quem prevarica são seus executivos e controladores. Que se processem os controladores, exigindo que vendam seus ativos – incluindo as ações da companhia – para pagar as multas e ressarcimentos. Altere-se o controle, mas não destruam os ativos acumulados.

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As empreiteiras em questão são peças-chave para a próxima etapa do investimento em infraestrutura. Elas possuem a tecnologia, o know-how das Parcerias Público-Privadas, os quadros técnicos.

No entanto, estão sendo destruídas.

No Judiciário, há inúmeros casos de bloqueio da totalidade dos recursos nas contas da empresa, confundindo o capital de giro (essencial para fazer a empresa operar) com acumulação financeira.

Fonte: Jornal GGN