Fortalecimento sindical é pauta no 4º Encontro de Trabalhadores Rurais

Começou nesta terça-feira (24), na capital paulista, o 4º Encontro Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da CTB, com o propósito de discutir a atual realidade do setor no país e fortalecer a luta dos sindicalistas ligados ao campo.

encontro dos trabalhadores rurais da CTB - Cinthia Ribas

O encontro se encerra nesta quarta-feira (25) e reúne dezenas de lideranças do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MTTRs) de todo o país, que discutem temas como a reforma agrária e o fortalecimento da agricultura familiar, a partir de um ponto de vista classista, em busca do fortalecimento de suas entidades.

No período da tarde do primeiro dia de debates, o início dos trabalhos foi coordenado por Antoninho Rovaris, secretário de Defesa de Meio Ambiente; e Marucha Vettorazzi, dirigente executiva.

Adilson Araújo, presidente da CTB, abriu a discussão analisando a composição do Congresso Nacional, com a diminuição da bancada da classe trabalhadora, e defendeu o fortalecimento dos sindicatos para que haja avanço da pauta trabalhista. Para ele há muitas dificuldades para os trabalhadores que são atacados de todos os lados pelas bancadas patronais e ruralistas “Os sindicatos cumprem um papel importante nesse sentido e seu fortalecimento vai nessa direção.

É preciso que tenhamos um movimento sindical forte e coeso para fazer o enfrnetamento. Nesse processo eleitoral, o espelho da nossa conformação se revelou no Congresso. Resultado que influência diretamente em questões do campo, como a Reforma Agrária”.

O dirigente cetebista salientou que o país enfrenta um quadro conturbado com uma crise sistêmica capitalista e o momento político exige unidade. “Não saímos dessa turbulência e ainda enfrentamos uma onda golpista contra esse projeto popular, que se agrava quando não conseguimos de forma unitária encontrar o caminho”, advertiu ao lembrar que a unidade encontrada no período eleitoral não encontra eco.

Nesse sentido, para o sindicalista, o momento demanda a necessidade fazer uma leitura mais aprofundada da atual realidade, sobretudo sindical.

“Não é fácil fazer a luta e ainda mais difícil organizar na luta campesina. Porque além das dificuldades citadas, somos vítimas de um conjunto de fatores, como a violência no campo e o trabalho escravo, que infelizmente ainda é uma realidade”, constatou Adilson Araújo ao ressaltar que ainda há muitas fragilidades no governo e na solução de problemas notórios, a exemplo do sucateamento do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), órgão responsável pela fiscalização dessa situação no campo. “Se o governo investisse no MTE ao invés de cortar direitos economizaria 80 bilhões ao invés de 18 milhões com a retirada de direitos dos trabalhadores, daria um passo para reversão dessa situação”, defendeu Adilson.

A partir dessa constatação, o cetebista afirmou que o caminho é longo, mas que será trilhado com a luta dos trabalhadores do campo e da cidade. “Apesar das dificuldades encontradas temos que cumprir o nosso papel e compete movimento sindical fazer a luta. E a CTB, que é uma central sindical verde, rural, empenhada em defender o trabalhador do campo e da cidade, vai defender essa pauta e avançar na luta”.

Avanços e conquistas

Alberto Broch, presidente da Contag, por sua vez, abordou a conjuntura sindical rural e as perspectivas do MTTRs. O sindicalista relembrou a luta dos contaguianos e dos MTTRs com a ampliação participação das mulheres, dos jovens e os avanços obtidos ao longo dos anos.

“Conquistamos mais de 80 políticas públicas para o campo nos últimos 20 anos, fruto da luta do movimento sindical rural e conquistado com muito empenho, com a pauta do Grito da Terra, com a luta que ocupa ministérios e que já apanhou da policia”, afirmou Broch ao enumerar os desafios vindouros e as propostas colocadas pela Contag para vencê-los.

“Não podemos negar que avançamos nesse governo, mas são conquistas da sociedade brasileira que precisamos preservar. E temos desafios enormes pela frente e para isso precisamos nos fortalecer sempre mais”, ressaltou ao revelar que a Contag passara por grandes mudanças, com a criação da Confederação Nacional da Agricultura Familiar. “Faremos isso para fortalecer nossa luta e agora estará nas nossas mãos. Nos tornaremos mais fortes e combativos para quebrar a espinha do latifúndio brasileiro fazendo a Reforma Agrária e formalizando os inúmeros assalariados rurais que vivem na informalidade”.

De acordo com o líder rural, o objetivo será tornar a Contag e os sindicatos mais fortes para representar o agricultor e o assalariado rural. “Se queremos representar a agricultura familiar precisamos organizar a produção de nossos trabalhadores. Nesse sentido, o cooperativismo e o associativismo se torna cada vez mais importante”, analisou Broch.

Por fim, o sindicalista levantou o maior desafio posto ao movimento sindical do campo e da cidade: a Reforma Agrária. Um tema que se encontra esquecido do atual governo. “O nosso desafio mais complexo é a luta pela Reforma Agrária. Um debate que não está na sociedade, nem no governo ou na opinião pública. Precisamos trabalhar para que o tema volte à discussão, mas com a apresentação de uma proposta com inviabilidade econômica. Precisamos propor caminhos, porque os que existem se esgotaram”, avaliou o presidente da Contag ao propor um grande ato em parceria com entidades do movimento sindical e demais centrais.

“Devemos sair da zona de conforto para enfrentar esses grandes desafios vindouros e precisamos ter olhos para dentro e fora do campo para não perdermos a amplitude de nossa visão e desempenharmos o papel democrático e mais justo que queremos para o nosso país”, finalizou o líder rural.

Nesta quarta-feira (25), os dirigentes voltam a se reunir para debater a organização e ampliação dos trabalhadores do segmento dentro da CTB.