Veto ao reajuste da tabela do IR tranca pauta do Congresso

O veto ao reajuste de 6,5% da tabela mensal de retenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) passa a trancar a pauta do Congresso nesta quarta-feira (4). A partir dessa data, o Plenário do Congresso não pode analisar outras matérias enquanto não votar os 213 dispositivos vetados pela presidenta Dilma Rousseff no projeto de lei resultante da Medida Provisória 656.

Essa MP foi editada com a finalidade de estimular o crédito e de prorrogar isenções tributárias. Durante a tramitação, os parlamentares incluíram a atualização dos valores da tabela do IRPF em 6,5%.

O governo foi contra o aumento em percentual maior que o previsto na MP 644, de 4,5%, que perdeu a vigência em agosto do ano passado.

A presidenta Dilma Rousseff já anunciou que vai enviar outra Medida Provisória com a correção da tabela com o mesmo percentual de 4,5%.

Vários outros temas incluídos na pauta do Congresso, como a extensão de incentivos a outros setores e novos regimes de tributação para determinados produtos, foram vetados sob o mesmo argumento utilizado para a rejeição do reajuste da tabela do IRPF: violação do artigo 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Esse artigo condiciona a concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária, da qual decorra renúncia de receita, a estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes. Na justificativa do veto, o Executivo afirma que o reajuste implicaria renúncia fiscal de R$ 7 bilhões, sem estimativa do impacto orçamentário-financeiro.

Grandes fortunas

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) concordou com a necessidade de corrigir os valores, mas observou que o Imposto de Renda não é o tributo mais injusto do País. Segundo ela, um dos mais perversos é o ICMS, estadual, que atinge ricos e pobres.

A parlamentar acusou os governadores de promoverem aumentos excessivos desse imposto. No Paraná, a alíquota, que era de 12%, passou para 18%, conforme a senadora. Em outros estados, acrescentou, está passando para 25%.

Para Gleisi Hoffman, o Senado precisa também “ter a coragem” de discutir a instituição do imposto sobre grandes fortunas e heranças. Segundo a parlamentar, os Estados Unidos, “um país tão elogiável pelo seu sistema tributário”, tem no imposto sobre heranças uma de suas principais fontes de arrecadação, “e nós não fazemos isso”.

A sessão do Congresso Nacional de quarta-feira está marcada para as 11 horas. Antes de analisar os vetos, os parlamentares tentarão votar o projeto que cria novos procedimentos para a votação de vetos.

Do Portal Vermelho
De Brasília, com informações da Agência Câmara