Mulheres com Dilma em defesa de democracia e de mais direitos

O próximo domingo (8), Dia Internacional da Mulher, ser num momento impar para a história da democracia brasileira, as mulheres e o povo brasileiro disputarão nas ruas os rumos do Brasil.

Por Maria das Neves*, no Portal da UJS

UJS feminista - UJS

A tentativa de golpe em curso no Brasil é um ataque à democracia e à soberania nacional. A direita não engoliu a quarta vitória do povo conduzida pela primeira mulher presidenta da República. Não tendo vencido no voto, tenta desesperadamente voltar ao poder a qualquer custo.

A eleição da bancada mais conservadora desde 1964 e a vitória de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a Presidência da Câmara reforça o projeto golpista da direita que, de forma descarada, tem apresentado seu programa conservador, machista, homolesbotransfóbico e racista.

Recentemente a mesa diretora da Câmara aprovou a autorização de passagens para cônjuges de deputados, reforçando ainda os dogmas da velha política que sempre tenta tirar vantagens à custa do dinheiro do povo. Além disso, Cunha desengavetou projetos como o que cria o Dia do Orgulho Heterossexual, afirmou que avanços na legislação do aborto só passarão sobre seu cadáver e rejeita qualquer concepção de família que não a constituída por um homem e uma mulher.

Na contra mão do que reivindica o movimento feminista, LGBT e de defesa do direitos humanos, a Câmara dos Deputados torna-se o principal campo de batalha para a defesa de direitos historicamente conquistados e onde devemos montar uma trincheira de resistência contra o retrocesso. Devemos ocupar as ruas para incidir na correlação de forças do Congresso Nacional. A defesa do Estado Laico é uma necessidade inquestionável para a defesa de um Estado de Direitos, para todas e todos, independentemente do gênero, cor, religião e orientação sexual e para a manutenção da própria democracia.

As mulheres e o povo no poder: Reforma Política Já!

Há um forte acirramento da luta de classes no Brasil e as mulheres jogam papel estratégico na defesa da democracia. Não há nenhuma conciliação com a direita que defende a cartilha do patriarcado, reforçando a opressão das mulheres, dos negros e negras e da população LGBT.

Defender e aprofundar a democracia brasileira perpassa no próximo período por mobilizar e empoderar politicamente todas as brasileiras! Apesar de sermos 51,3% do eleitorado estamos sub-representadas no Congresso Nacional. Ou, seja representamos menos de 10% dos principais espaços de decisão do país. A bancada fundamentalista com 75 deputados, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), é maior que a bancada sindical e feminina, com 51 integrantes cada. No ranking de 188 países, o Brasil aparece na 156ª posição no que se refere a participação feminina no parlamento. É um dos que menos tem mulheres no Poder Legislativo. Os países na América Latina e Caribe com maior representação das mulheres são Cuba (49, 2%), Argentina (40%) e Costa Rica (36,8%). Além do Brasil, os que possuem os índices mais baixos são observados na Colômbia (8,4%) e Guatemala (12%).

No último dia 24 de fevereiro comemoramos 83 anos da conquista do voto feminino. Há menos de 100 anos conquistamos o direito de votar e sermos votadas. Agora, lutamos para que de fato tenhamos condições de sermos eleitas. Nos marcos de um Congresso tão conservador, não conquistaremos mais direitos para as mulheres sem uma profunda reforma do sistema político brasileiro. Para tanto, se coloca na ordem do dia para agenda do movimento feminista brasileiro, a luta por uma Reforma Política Democrática que amplie a participação feminina no parlamento com paridade!

Os avanços das mulheres nos doze anos de governo progressista

A eleição de Lula e Dilma significou muitas conquistas para as mulheres. Destacam-se entre elas a criação da Secretaria Nacional de Políticas Públicas para as Mulheres (SPM), a realização de conferências que geraram os planos de políticas públicas para as mulheres e a criação da Lei Maria da Penha.

Eleger a primeira mulher para a Presidência do Brasil, além de um marco histórico, mexeu com o imaginário popular, redefinindo os espaços de homens e mulheres na sociedade. Lugar de mulher é também na política!

A mulher é a nova força que move o Brasil

Nesta última década, cerca de 36 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza, deste total metade foram mulheres. Dos 42 milhões que alcançaram a classe média, 3,4 milhões foram mulheres. 93% dos cartões do Bolsa Família têm a mulher como titular, e das 1 milhão e 600 mil casas já entregues pelo Minha Casa, Minha Vida, 52% estão no nome de mulheres e 87% dos lares brasileiros são chefiados por uma mulher. Estas mudanças são fruto de políticas públicas de distribuição de renda e capacitação profissional.

Na área educacional as transformações também foram muitas. A cada 10 estudantes do Pronatec, 6 são mulheres de todas as faixas etárias. Metade dos bolsistas do Prouni e Fies são mulheres. No mercado de trabalho, cerca de 2,4 milhões de empregos formais foram gerados para as mulheres.

As mulheres com Dilma

São inúmeras as bandeiras de lutas ainda a serem conquistadas pelas mulheres no Brasil: igualdade salarial, universalização da creche, consolidação da Lei Maria da Penha com ampliação da rede de proteção as mulheres vítimas de violência doméstica, combater a cultura do estupro, legalização e descriminalização do aborto, criminalização da homofobia e o fim dos autos de resistência, por exemplo. E, não foi e nem será num governo de direita e conservador que conquistaremos mais direitos. Ao contrário, quando a direita avança, avança com ela o fundamentalismo, o conservadorismo. E, os direitos das mulheres retrocedem. Portanto, não interessa as brasileiras e ao Brasil o impeachment de Dilma!

Hoje, há dois projetos antagônicos em disputa no Brasil: O projeto dos golpistas e entreguistas, que querem ver o Brasil tornar-se novamente quintal dos EUA. O projeto dos machistas, homolesbotransfóbicos e racistas. Este é o lado de Eduardo Cunha, Bolsonaro e Feliciano, por exemplo. E, há o projeto dos que defendem a democracia, a Petrobras, a soberania nacional, o direito à liberdade de amar e o direito das mulheres. Este é o lado de Dilma, dos movimentos feministas e sociais. E, é desse lado que eu convido cada mulher à marchar no próximo dia 8 de março!

A tentativa de golpe orquestrada pela direita não é apenas contra o PT ou a presidenta Dilma. Mas, contra todos os direitos e avanços conquistados pelas mulheres no país no último período. Marchar contra o golpismo é marchar contra o machismo e contra toda onda conservadora! Gerações de mulheres lutaram até a morte pela redemocratização do país. E, cabe a geração herdeira das Guerrilheiras do Araguaia lutar para defendê-la e aprofundá-la. Não há nada mais feminista que defender a democracia!

Dia 8 de março, marchemos em defesa da democracia, da Petrobras, pelo fim do financiamento empresarial de campanha. E, por mais direitos para as mulheres brasileiras!

No meu país eu boto fé. Porque ele é governado por mulher!

Viva o 8 de março!

*Maria das Neves é diretora de jovens feministas da UJS , coordenadora de juventude da UBM e membro do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve)