Cartilha ensina como agir em caso de violência contra a mulher
Mais de 10 mil denúncias em todo o estado e quase 5 mil só na cidade do Rio dão as dimensões da violência doméstica contra a mulher, tendo como resultado um terço dos inquéritos policiais abertos em nível estadual, dos quais a maior parte – 50% – na Baixada Fluminense. Por isso, a cartilha Conhecendo um Pouco Mais da Lei Maria da Penha, lançada nesta segunda-feira (16), foi voltada para os jovens, com informações sobre como agir nessas situações.
Publicado 17/03/2015 14:50

As mulheres mais atingidas pela violência doméstica têm idade entre 19 e 30 anos e os homens agressores, de 31 a 40 anos. Tudo isso é também tema do debate promovido também hoje pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), sob o tema Violência Doméstica contra as Mulheres: a Importância das Ações para a Prevenção, para discutir a aquela lei, em vigor há quase 9 anos.
Para a coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (CAO Violência Doméstica), Lúcia Iloizio Barros Bastos, ainda ocorrem alguns entraves para a efetivação completa da Lei.
"Apesar de a Lei Maria da Penha já estar em vigor há nove anos, ao longo desse período a gente pode acompanhar a instalação de diversos serviços especializados de atendimento a mulher que se encontra em situação de violência doméstica familiar. Ainda faltam melhorias nas estruturas desses equipamentos, muitos profissionais são mantidos por meio de convênios e falta um aprimoramento constante. As polícias de um modo geral, vem se capacitando para prestar um melhor atendimento, e todas as instituições estão em uma crescente mobilização para a questão do enfrentamento a essa forma de violência", explicou Lúcia, acrescentando que já foram feitos avanços importantes que não podem ser desconsiderados.
A coordenadora considerou importante a questão da repressão a esses crimes para a melhor tutela da mulher que se encontra nessa situação, mas disse que além disso é preciso que o estado observe também a necessidade de adotar outras medidas, como de prevenções, ações informativas e orientações para homens e mulheres.
"Poderíamos estar melhor, por exemplo, se focássemos também em orientações voltadas um pouco mais para uma linguagem masculina, de compreensão desse fenômeno, de forma a evitar mais práticas de dominação em relações a mulheres. Penso que é um momento de ter uma investida maior nesse campo. A gente tem que conjugar ações de prevenção, de repressão e é necessário que todas as instituições que trabalham com essa temática, se unam para fazer um esforço coletivo", ressaltou Lúcia.
Durante o percurso das ações desenvolvidas em prol da mulher, o MP percebeu um aumento da violência entre o público jovem e por isso desenvolveu essa cartilha, que ensina os recursos da Lei Maria da Penha através de uma história em quadrinhos. A atuação do órgão e a disseminação dessa informação estão sendo desencadeadas através de visitas a escolas, em ações sociais e seminários.
"Esse tipo de violência tem sido decorrente. O tema dessa história é baseado em um fato real. Esse contexto de dominação, ele é muito cultural e vai passando de geração em geração e esses comportamentos são na verdade aprendidos inclusive pelos jovens. Essa situação também se encontra presente quando os jovens iniciam os seus relacionamentos", disse a coordenadora.
Fonte: Agência Brasil