Para mídia, doação de empreiteira ao PSDB é legal, mas ao PT é propina

O candidato tucano derrotado nas urnas Aécio Neves (PSDB) recebeu doações de seis construtoras investigadas na Lava Jato (Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão), que somadas ultrapassam R$ 34 milhões. Mas para a mídia hegemônica isso é doação legal. Propina é só quando o PT recebe.

Por Dayane Santos

Aécio Alckmin e Anastasia

Em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira (17), na sede do PT em Brasília, o presidente do partido, Rui Falcão, rebateu as acusações feitas pelo executivo Eduardo Leite em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato, de que a agremiação recebia propina por meio de doações.

“Todas as nossas doações são legais, declaradas e aprovadas pelo TSE”, afirmou o dirigente. E completou: “Posso passar para a imprensa o conjunto das doações que recebemos. Existe uma similaridade entre o que o PT e outros partidos receberam”.

Em negociação pela sua liberdade nas investigações da Operação Lava Jato, o executivo Eduardo Leite disse o que o juiz Sergio Moro queria ouvir: a doação ao PT é propina.

Na campanha pela criminalização do PT e pelo golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, a grande mídia cria um factoide em cima da declaração de um delator para dizer que doações legais feitas ao PT são consequências de propinas. Nessa ótica, as mesmas doações feitas ao PSDB, DEM e demais partidos são resultado do apoio “ideológico dos empreiteiros”.

Isso porque na prestação de contas divulgada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) do candidato tucano derrotado nas urnas Aécio Neves (PSDB), por exemplo, mostra que ele recebeu doações de seis construtoras investigadas na Lava Jato (Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão), que somadas ultrapassam R$ 34 milhões. A Andrade Gutierrez foi a campeã de doações ao tucano, repassando nada menos que R$ 19 milhões.

Empresas do trensalão também doaram aos tucanos

O mesmo verifica-se nas contas do governador tucano reeleito por São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), sendo um dos maiores beneficiários de doações do “clube de empreiteiras” da Lava Jato, entre os governadores. Ele obteve cerca de R$ 8,5 milhões para a campanha.

Nas contas de Alckmin existem pelo menos R$ 4 milhões em doações de três empresas investigadas no esquema de propinas, fraudes e formação de cartel em licitações do metrô de São Paulo e do Distrito Federal, o conhecido trensalão.

A assessoria de imprensa do tucano justificou, por meio de nota, que sua “campanha aceita apenas doações que estão de acordo com a Constituição. A Lei nº 9.504/97 (art. 24) permite que qualquer pessoa física ou jurídica, que esteja de acordo com as normas, participe do processo eleitoral”. Ora, a do PT também.

Outro a receber doações foi o ex-governador mineiro Antonio Anastasia, sucessor de Aécio, em 2011, foi eleito senador graças a quase R$ 1 milhão em doações do grupo de empreiteiras. Anastasia está na lista dos parlamentares investigados na Lava Jato pelo Superior Tribunal Federal.

O que fazem essas doações serem legítimas e as feitas ao PT não? Só a manipulação da mídia.

Pelo fim do financiamento privado

Diferentemente do PSDB e dos demais partidos de oposição, o governo da presidenta Dilma Rousseff, o PT, o PCdoB e os movimentos sociais defendem as reforma política com o fim do financiamento privado de campanha como fora de combater a corrupção.

Na coletiva, o presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que o partido debate com entidades e a base aliada para aprovar uma proposta que de reforma que estabeleça o fim do financiamento empresarial de campanha. “O partido está dialogando com várias entidades que tenham a bandeira da reforma política como prioritária e estamos tentando unificar as posições”, explicou.

Falcão destacou ainda que o partido apoia as mobilizações convocadas por várias entidades programadas para os dias 1º e 2 de abril, para cobrar do ministro Gilmar Mendes a devolução do processo do qual pediu vista no Supremo Tribunal Federal (STF), sobre o tema.

Do Portal Vermelho