“Vamos às ruas defender a democracia, a Petrobrás e os trabalhadores”

O presidente estadual do Partido Comunista do Brasil no Rio de Janeiro (PCdoB-RJ), João Batista Lemos, concedeu uma entrevista onde reforçou a importância da luta pela democracia, a defesa da Petrobrás e das conquistas da classe trabalhadora, e pela aprovação de uma Reforma Política democrática que acabe com o financiamento empresarial de campanha.

Batista valorizou os avanços democráticos conquistados ao longo dos últimos anos, mas salientou a centralidade da luta contra as forças reacionárias e contra o golpismo:

“Nunca vivemos um momento de tanta democracia em nosso país, houve uma manifestação contra o governo Dilma e não tivemos nenhuma repressão, temos que valorizar isso neste governo: a questão democrática. Mas sabemos que tem muita gente infiltrada neste movimento com outros objetivos, que lesam a pátria, que estão a serviço de interesses que não são nacionais e que não são os mesmos do povo, estão a serviço de forças reacionárias entreguistas. Esta ofensiva contra o governo Dilma é proveniente de forças golpistas internas e externas”.

Batista ainda levantou que o governo federal deve responder positivamente ao momento político para continuar avançando com o Projeto Nacional de Desenvolvimento:

“O governo Dilma deve apresentar uma pauta positiva em torno dos anseios que vieram das urnas no segundo turno, a mensagem foi a de que o povo está do lado da presidenta e quer apoiar Dilma, mas no sentido das mudanças, da consolidação das reformas democráticas. Do outro lado estão os que querem o retrocesso. Dilma começou a resposta com o pacote anticorrupção, mas se faz necessário, também, medidas para além dos ajustes, a retomada do crescimento econômico, essa questão é central. O governo tem que trabalhar o controle do câmbio, e tem que taxar as grandes fortunas no sentido de uma reforma tributária progressiva, quem deve pagar mais impostos são os ricos, sobretudo, os rentistas. No Brasil os impostos caem sobre o consumo e não sobre a renda. A maior parte da arrecadação da União por impostos é retirada dos trabalhadores que recebem de 1 a 3 salários mínimos, e são os que menos usufruem dos serviços públicos. Dados do IBGE mostram que os 10% mais pobres da população comprometem 32% de sua renda com tributos, já para os 10% mais ricos, este peso é de 21%. Quem paga mais imposto no Brasil é a base da pirâmide, precisamos inverter isto. Se Dilma não tomar essas medidas ela pode perder a base de apoio que veio às ruas para garantir sua vitória no segundo turno. É necessário, também, que construamos uma frente de caráter democrático e patriótico, uma frente ampla para barrar qualquer sanha golpista e para impulsionar Dilma no sentido das reformas democráticas.”

O líder dos comunistas no Rio de Janeiro continua a entrevista, salientando que:

“Uma das questões fundamentais, até mesmo dentro da retomada do crescimento, é defender a Petrobrás, o conteúdo local, a engenharia nacional, o regime de partilha, o fundo social (que já foi definido e garante 75% dos royalties para a educação e 25% para a saúde). Para combatermos uma das principais fontes de corrupção se faz necessária a reforma política democrática. E temos que nos unir em torno da proposta da Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas, composta por organizações muito representativas como a CNBB , UNE, OAB, CTB, CUT, MST, e muitas outras. A Coalizão já está convocando uma semana de recolhimento de assinaturas para este projeto de iniciativa popular, vamos lutar para atingirmos 1,5 milhões de assinaturas a fim de criarmos um ambiente que barre qualquer tentativa de reforma política que reduza a democracia, como propõe o PMDB. Vamos lutar para colocar na agenda uma reforma política democrática que tem com questão central o fim do financiamento empresarial das campanhas eleitorais, a liberdade de coligações proporcionais sem nenhuma cláusula de barreira. A reforma política deve aprofundar a democracia (uma democracia ainda limitada) para o povo poder ter mais voz, participação e ser mais ouvido no Congresso. Mas é preciso unir forças, para uma forte pressão de massas. Essa campanha de recolhimento de assinaturas está programada para se iniciar neste dia 22 e seguir até o dia 28. Entretanto, diante dessa crise, nós aqui no Rio, que tínhamos uma reunião da direção plena estadual do Partido no dia 21, suspendemos esse encontro para já iniciarmos essa campanha. Vamos buscar unir outras forças políticas da Coalizão e ir a alguns centros de concentração das massas para recolher assinaturas pela reforma politica democrática e eleições limpas, contra a corrupção, pelo fim do financiamento empresarial. Conclamo a militância comunista para vir às ruas, para montar as bancas de assinatura, como puderem, buscando recolher assinaturas pela democracia e pelo fim do financiamento privado de campanha.

João Batista ainda faz questão de lembrar que o momento é de intensificar a luta popular em defesa do país:

“O momento hoje exige rompimento com a rotina, temos que ir para as ruas conversar com o povo, defender o governo Dilma, defender o Brasil e a democracia. O projeto político eleitoral de 2016 vai sair do desdobramento desta luta. O momento é de romper com a dispersão e responder com inteligência essa ofensiva da direita que tem o PSDB, forças reacionárias e as forças externas como principais orientadores. As ações devem ser feitas de forma planejada por parte das forças populares e democráticas, e com uma agenda nítida. Quatro bandeiras de luta são fundamentais para unir essas forças progressistas: a democratização dos meios de comunicação (monopolizados por grandes empresas), sem a democratização da mídia fica muito difícil ganharmos a massa para garantir seus próprios direitos na democracia. Também, como enfatizei, precisamos defender a democracia com a reforma política democrática já; além de defendermos a Petrobrás e a retomada do crescimento econômico em nosso país. A defesa dos direitos dos trabalhadores também é fundamental, vamos lutar por nenhum direito a menos, é na classe trabalhadora e nos movimentos sociais, como núcleo de uma frente ampla, que vamos encontrar a maior energia para defender o governo Dilma no sentido das mudanças”.