Aniversário do PCdoB: história do Partido se confunde com a do país 

Com música e poesia, discursos e homenagens, a bancada do PCdoB na Câmara comemorou, na tarde desta quarta-feira (25), os 93 anos de fundação e 30 de atuação parlamentar do Partido. Todos os discursos – de parlamentares comunistas e deputados de partidos aliados – destacaram o fato de que é a existência do Partido Comunista é um termômetro da democracia no país. 

Aniversário do PCdoB: história do Partido se confunde com a do país - Marcelo Favaretti

A líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), abriu o evento destacando que a história do PCdoB se confunde com a história da vida democrática do país. “É um termômetro da democracia, quando a democracia corre risco, o primeiro partido ameaçado é o Partido Comunista; quando começa a florescer a democracia, o PCdoB entra na legalidade”, afirmou, lembrando que esse é o período mais longo de legalidade ininterrupta do Partido.

A deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), futura presidenta nacional do Partido, reafirmou a fala da antecessora, afirmando que o PCdoB participou das lutas estratégicas e significativas da República brasileira. “Em todas as proposições que significam avanços e conquistas para o povo, estamos lá. E escrevemos belas páginas da nossa história. Essa história revela que o nosso Partido não se mede pelo tamanho, mas pelo vigor de sua luta.

Ela inaugurou, em seu discurso, a preocupação que foi manifestada pelos oradores seguintes, de que “o Partido está alerta para o momento atual, de ameaça de retrocesso, para levantar a bandeira de nenhuma conquista a menos, defendo com firmeza a constitucionalidade do mandato da presidenta Dilma, a Petrobras e a soberania”.

E, lembrando as palavras de Pablo Neruda, de que “a poesia não é de quem faz, mas de quem precisa dela”, Luciana encerrou sua fala com a poesia do poeta chileno: “Me fizeste ver a claridade do mundo e a possibilidade da alegria. Me fizeste indestrutível porque contigo não termino em mim mesmo.”

Homenagem a juventude

A senadora Vanessa Grazziotin(PCdoB-AM), em sua fala, fez uma homenagem a juventude. “No PCdoB todo mundo é igual, não importa o que seja, cada um de nós tem importância no processo de transformação social”, disse, lembrando que ela e outros parlamentares atuais iniciaram sua militância política na juventude, representada no evento pela presidenta da Ubes, Bárbara Melo.

A jovem líder estudantil disse que “o PCdoB é um partido que encanta, que enche os olhos da juventude de alegria e emoção porque quer acabar com as estruturas arcaicas da sociedade, acabar com todo tipo de preconceito e as desigualdades sociais e emancipar o povo brasileiro.”

O governador do Maranhão, Flávio Dino, também discursou no evento, destacando que “o PCdoB tem uma trajetória de coerência na luta patriótica, por isso é o partido que defende uma reforma política com fim do financiamento empresarial de campanha, é o partido que é contra redução da maioridade penal; é o partido que defende a constitucionalidade a democracia e repudia os que, de modo aberto ou não, defendem a ruptura constitucional.”

Velhos camaradas

Após os discursos, foi feita homenagem a três velhos camaradas, que receberam placas comemorativas. Os dois homenageados presentes – Gilce Consenza e Haroldo Lima – receberam as homenagens com discursos de agradecimento que lembraram a longa militância no Partido e a ainda atual disposição de luta. O terceiro homenageado – o presidente nacional do partido, Renato Rabelo – foi representado pela futura presidenta da legenda, Luciana Santos.

Sem aviso prévio, a deputada Jandira Feghali chamou outro homenageado – de dentro da plateia. Zezito Reis, filiado ao PCdoB e servidor do PCdoB na Câmara desde 1983, tendo começado o trabalho no gabinete do ex-deputado Haroldo Lima e que se mantém na luta política e parlamentar como importante ajuda no gabinete do deputado Daniel Almeida, ambos da Bahia. Zezito, surpreso, não fez discurso, mas as lágrimas, que não pode conter, revelaram seus agradecimento pela homenagem.

Fala dos convidados

Em meio aos muitos convidados – a ministra de Direitos Humanos, Ideli Salvati, saudou os camaradas na pessoa das três mulheres comunistas que a antecederam nos discursos – Jandira Feghali, Luciana Santos e Vanessa Grazziotin.

A ministra destacou que “esse ato é pertinente com o momento que o país vive, aonde descaradamente se apresentam propostas de retrocesso, autoritarismo e golpe.” E disse que o PCdoB faz parte dos partidos que lutam contra o golpe e a colocação na ilegalidade daqueles que lutam em defesa dos que mais precisam e advogam as causas de igualdade de oportunidades e de direitos e da soberania nacional.

Entre os parlamentares de partidos aliados que discursaram no evento, saudando os 93 anos do PCdoB e a importância da existência de partidos ideológicos com o Partido Comunista do Brasil, o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) afirmou que “o que o país mais precisa para que reforma política seja vital para a transformação da sociedade é de partidos ideológicos, com programa e ideias.”

Ele disse ainda que “nas lutas fundamentais no parlamento, nós estamos unidos, mesmo nas preocupantes derrotas com o avanço conservador inaceitável, que vai aprofundar a injustiça, a desigualdade e a violência contra os pobres. Nessa perspectiva de resistência, nós falamos a mesma linguagem e lutamos pelos mesmos sonhos , de aprofundar a democracia e resignificar o socialismo que continua sendo o melhor horizonte para a humanidade.”

Do Portal Vermelho
De Brasília, Márcia Xavier