Conflito na Ucrânia completa um ano

Em 7 de abril de 2014, após a ocupação de prédios administrativos em Carcóvia e Donetsk, o então presidente interino da Ucrânia, Aleksandr Turchinov, anunciou “medidas antiterroristas” contra “aqueles que pegarem em armas”. Tal foi o início da chamada operação antiterrorista que se arrasta até hoje.

Ucrânia - Reuters / Yannis Behrakis

A operação antiterrorista anunciada pelo governo interino da Ucrânia teve por objetivo declarado “acalmar” o Leste do país, que não gostou do golpe de Estado realizado um mês e meio antes em Kiev, quando a bancada de Iátsniuk chegou ao poder na Suprema Rada, após a saída do país do presidente eleito, Viktor Ianukovitch.

O poder foi tomado por nacionalistas ucranianos, que antes tinham se posicionado a favor do “rumo europeu” do país, em contrapeso às vacilações eurasiáticas do presidente Ianukovitch. Aquela bancada, tanto naquela altura, como hoje, tem forte influência por parte do nacionalismo radical. Um exemplo: na semana passada, o radical Dmitry Yarosh, líder da organização nacionalista radical Setor de Direita (proibida na Rússia), foi nomeado conselheiro do comandante supremo das Forças Armadas da Ucrânia.

O Leste ucraniano inclui a região de Donbass, com fortes relações históricas com a Rússia. Foi a segunda principal região da Ucrânia, depois da Crimeia, que manifestou a vontade de distanciar-se do poder “golpista” da nova Ucrânia oficial. O referendo na Crimeia determinou a península como parte da Rússia. E no Leste da Ucrânia, formaram-se duas repúblicas populares, a de Donetsk e a de Lugansk (nomes de duas cidades importantes da região).

A região onde se desenrola a operação antiterrorista é conhecida como Donbass. É uma abreviatura em russo e ucraniano que significa “bacia do rio Don”. É uma importante região mineira do país. Atualmente, claro, a indústria está semidestruída por causa do conflito.

O que foi anunciado como uma operação antiterrorista resultou em um ano de guerra civil. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha qualifica a situação no Leste da Ucrânia como “conflito armado não internacional”, mas as partes trocam acusações de participação externa. A Ucrânia, junto com os Estados Unidos, seu novo aliado, acusa a Rússia de enviar armamentos e pessoal militar. Já a Rússia acusa os EUA de participarem do conflito com seu material bélico e pessoal.

As repúblicas autoproclamadas apoiam a posição russa, reclamando da Ucrânia e da suposta participação das forças ocidentais do conflito.

Os EUA apoiam abertamente as autoridades de Kiev, sem reconhecer a legitimidade do referendo na Crimeia e os direitos à independência de Donbass.

Segundo fontes oficiais, citadas pela RIA Novosti, o número de vítimas das ações militares no Leste da Ucrânia desde o início desta operação até 27 de março do ano em curso alcança 6.083 pessoas. Já os feridos somam pelo menos 15.397.

No entanto, as ações militares continuam em Donbass, sem que a paz chegue. Os recentes Acordos de Minsk tentaram apresentar uma solução, mas a parte ucraniana parece sabotar a pacificação.

Fonte: Agência Sputnik