Comunicação alternativa e financiamento: um gargalo a ser vencido
Os desafios impostos aos movimentos sociais que lutam pela democratização da comunicação são gigantes e o financiamento dos meios alternativos, progressistas e populares, ou seja, aqueles que estão fora do mainstream, é ponto central de sobrevivência.
Da Rádio Vermelho, Joanne Mota
Publicado 09/04/2015 16:41
Em entrevista a rádio RBA, o editor da Revista Fórum, Renato Rovai, fala sobre o assunto e pontua que aplicar 30% de verbas federais em mídias não vinculadas aos grandes grupos é passo central para iniciar processo de democratização da informação.
Rovai, que também é presidente da Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom), comenta manifesto publicaod pela entidade que pede revisão dos critérios que promovem a concentração de verbas e privilegiam os grandes grupos.
Globo 50 anos: radiodifusão no Brasil e o ‘Sudeste way of life’
ENDC debate regulação da mídia e propõe romper com atraso histórico
O documento defende a aplicação de 30% dessas verbas em mídias não vinculadas às grandes empresas de comunicação. Segundo Rovai, essa é uma reivindicação que vem desde a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), em 2010, para que os critérios para a distribuição de recursos publicitários não sejam apenas relativos à audiência, mas leve também em consideração o princípio da democratização da informação.
Sem critérios e leis
Ao falar da ausência de critérios, Rovai afirma que "ose tem, hoje, é uma distorção muito grande, não só do ponto de vista das empresas que recebem as verbas publicitárias, como também dos meios. A televisão recebe mais de 60% de verbas publicitárias do governo federal, pelos dados que a gente tem disponível mais facilmente. E, hoje, a TV aberta não representa 60% da comunicação total do país. Não representa, provavelmente, nem 30%”. Rovai aponta, ainda, como agravante o fato de apenas uma das emissoras deter cerca de um terço de todo esse montante. “Isso deveria, inclusive, ser inconstitucional, como é em muitos países.”
Segundo ele, o mundo oferece muitos exemplos. "Países importantes, não só aqueles acusados de ‘bolivarianismo’, como Inglaterra, França, Suécia, Portugal, e até mesmo os Estados Unidos, adotam legislações e mecanismos que visam a coibir a concentração no setor. Se a TV passa dos 30% de audiência, tem que se vender parte dela. Tem restrições de diferentes ordens. Aqui não. É terra de ninguém e alguns poucos têm interesse que se mantenha dessa forma”.