Publicado 24/04/2015 15:50

Para homenagear sua memória, Prosa Poesia & Arte reproduz nesta edição um de seus magníficos sonetos e um trecho, muito conhecido de sua peça Macbeth.
Leia abaixo:
Soneto 19
Tempo voraz, corta as garras do leão,
E faze a terra devorar sua doce prole;
Arranca os dentes afiados da feroz mandíbula do tigre,
E queima a eterna fênix em seu sangue;
Alegra e entristece as estações enquanto corres,
E ao vasto mundo e todos os seus gozos passageiros,
Faze aquilo que quiseres, Tempo fugaz;
Mas proíbo-te um crime ainda mais hediondo:
Ah, não marques com tuas horas a bela fronte do meu amor,
Nem traces ali as linhas com tua arcaica pena;
Permite que ele siga teu curso, imaculado,
Levado pela beleza que a todos sustém.
Embora sejas mau, velho Tempo, e apesar de teus erros,
Meu amor permanecerá jovem em meus versos.
Macbeth
Seyton: A rainha, meu Senhor, está morta.
Macbeth: Ela deveria ter morrido mais tarde. Haveria um tempo para uma tal palavra. Amanhã, amanhã, amanhã. Arrastam-se nesse passo miúdo dia após dia até a última sílaba do tempo narrado. A nós tolos, todos esses ontens iluminaram o caminho para o pó da morte. Apaga, apaga, lume passageiro. A vida não é mais que uma sombra que vaga, um ator ruim que se pavoneia e se aflige quando chega sua vez sobre o palco e, depois, nada mais se ouve. É uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, significando nada.
Macbeth, Ato V, Cena V
Do Portal Vermelho, com a colaboração de José Carlos Ruy