Cientista político alerta para defeitos do voto distrital 

Na semana em que o Senado aprovou a proposta de voto distrital para as eleições de vereadores em municípios com mais de 200 mil eleitores, o professor de ciência política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Jairo Nicolau, se manifestou sobre a proposta, alertando que ela enfraquece os partidos políticos, “que são organizações fundamentais na democracia moderna”, destaca. 

Cientista político alerta para defeitos do voto distrital

“E o distrital, como ele não soma os votos dos partidos, ele vai fazer com que as campanhas sejam muito personalizadas, muito mais do que hoje, porque, na verdade, todos os candidatos vão concorrer entre si. Não tem voto de legenda, não tem a ideia de que o mandato pertence ao partido, porque o candidato vai ter os votos dele", argumenta.

Ele explica que o distrital é mais fácil para o eleitor entender como os candidatos são eleitos, mas o sistema tem defeitos. "O maior problema do distrital é o papel que os partidos passam a ter. Os partidos são organizações fundamentais na democracia moderna. Não é possível pensar uma sociedade, uma democracia moderna sem partidos”, explica, afirmando que mesmo com críticas e insatisfação da população com a atuação dos partidos, as organizações são fundamentais na democracia.

O cientista político destacou que o distrital era adotado no século 19. E que o sistema é tão pouco convincente que desapareceu, após o surgimento dos partidos na democracia tradicional.

O sistema é adotado atualmente apenas em alguns países sem longa tradição em democracia como a Jordânia, Afeganistão e a pequena ilha do Pacífico, Vanuatu.

No sistema distrital, os deputados federais, estaduais e vereadores eleitos são aqueles mais votados individualmente, sem levar em conta o partido ao qual estão vinculados.

Há 70 anos, o Brasil adota o sistema Proporcional de Lista Aberta. É chamado de proporcional porque nele o total de cadeiras obtidas pelos partidos ou coligações se aproxima da proporção de votos conquistados por eles.

E é chamada de lista aberta porque a ordem dos candidatos dentro da lista depende do número de votos pessoais que eles receberam. Assim, ao se dirigir à urna, o eleitor brasileiro manifesta duas preferências: uma por um partido ou coligação e outra por um candidato específico.

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Do Portal Vermelho
De Brasília, com Agência Câmara