A guerra dos tucanos contra a educação deixa mais de 200 feridos

Na tarde desta quarta-feira (29) o Brasil acompanhou um dos episódios mais chocantes dos últimos tempos de criminalização das categorias que lutam por seus direitos. Os professores da rede estadual do Paraná foram brutalmente atacados pela Polícia Militar a mando do governador tucano Beto Richa, quando protestavam contra a votação que aprovaria o confisco da Previdência Social dos servidores públicos para suprir dívidas do Estado. Mais de 200 ficaram feridos, oito em estado grave.

Greve dos professores do Paraná - Orlando Kissner/ Fotos Públicas

O massacre promovido pela polícia ocupou as redes sociais com fotos e vídeos chocantes. Milhares de pessoas, indignadas com o que viam, declararam apoio aos professores e rechaçaram a atitude do governo do Estado de não ter sequer tentado dialogar com a categoria.

Até o prédio da prefeitura de Curitiba foi atacado pela PM com bombas de gás lacrimogênio e de pimenta. O local foi ocupado por equipes médicas para fazer atendimentos de emergência aos feridos. Bombas foram disparadas por helicópteros e um Centro de Educação Infantil localizado no Centro Cívico precisou ser evacuado porque as crianças foram afetadas pelo gás lacrimogêneo. Dos 200 feridos, oito estão na UTI, entre eles, dois jornalistas. Um cinegrafista da TV Bandeirantes foi atacado por um cachorro policial e teve ferimentos graves.

Apesar da atitude animalesca da corporação, 17 policiais militares se recusaram a atirar contra os professores e foram presos, estão detidos. A informação foi confirmada pelo comando da PM ao jornal Estado de S.Paulo. Vale lembrar que, em 2012, o governador Beto Richa afirmou em entrevista à rádio CBN, que acha positivo que os policiais militares do estado não tenham diploma de curso superior. “Outra questão é de insubordinação também, uma pessoa com curso superior muitas vezes não aceita cumprir ordens de um oficial ou um superior, uma patente maior”, justificou o governador.

Mesmo com o cenário de guerra provocado pela polícia, os parlamentares continuaram a votação e a proposta de modificar a Paraná Previdência foi aprovada com 31 votos favoráveis e 20 contrários.

Diante do descontrole do governo paranaense, os senadores Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT) foram enviados, em missão oficial do Senado, para acompanhar a situação. Requião afirmou, em discurso em frente à Assembleia Legislativa, que pedirá intervenção federal no Paraná. “O governo ficou doido ao usar a força policial contra o povo”, disse.

Falta de humanidade e ódio político

Um vídeo (veja no final da matéria) vazado de dentro do Palácio Iguaçu, ao qual o blogueiro Esmael Morais teve acesso, evidencia o ódio político que moveu a ação contra os professores. Gravado aparentemente por pessoas que defendem o governo Beto Richa, o vídeo mostra o momento em que os professores começam a ser atacados pela polícia e um homem e duas mulheres comemoram os ataques. A cada nova bomba, são ouvidos gritos de comemoração. “Olha lá, olha lá, prenderam um”, diz uma das vozes. “Já estão todos correndo”, comenta a outra”.

Professor desaparecido

Os professores circulam um anúncio na internet de que há um colega desaparecido. Trata-se de Vitor Molina, detido na tarde desta quarta-feira (29) na praça do Centro Cívico e desde então não foi mais visto.


Desde que foi levado pela polícia, a família não tem mais informações de Vitor Molina 

De acordo com o anúncio, não há registro da prisão em nenhuma delegacia e os advogados da App-Sindicado não conseguiram localizá-lo.

Veja mais fotos: 


Momento em que o cinegrafista da Band é atacado pelo cão da polícia

Assista ao vídeo:

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Do Portal Vermelho, Mariana Serafini, com agências