Mídia: imagem negativa dos russos no cinema afeta política dos EUA

A imagem negativa dos russos nos filmes americanos é usada com sucesso pelo governo dos EUA em seu jogo geopolítico, escreve a revista Foreign Affairs. A cultura anglo-americana de massas raramente retrata os russos como heróis ou, pelo menos, com um caráter positivo, escreve a edição.

Rússia - RIA Novosti/Michael Klimentyev

Apenas durante um breve período — na Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos fizeram uma aliança com a União Soviética contra a Alemanha nazista — os diretores de Hollywood tentaram suavizar as diferenças entre os ideais soviéticos e americanos. Porém, logo a União Soviética foi "expulsa da equipe", escreve a revista.

"A Guerra Fria foi o fator dominante na formação da visão de mundo do público americano", nota a FA.

Por exemplo, no desenho animado infantil "As aventuras de Rocky e Bullwinkle", que foi mostrado em 1959-1964, os personagens principais, o esquilo voador Rocky e o alce Bullwinkle, resistiam a espiões soviéticos.

A imagem dos russos, geralmente incrivelmente rudes e perigosos, foi formada também sob a influência do líder revisionista soviético Nikolai Khrushchev, que prometeu "enterrar" os Estados Unidos e até mesmo bateu com o sapato no palanque da Assembleia Geral da ONU para aumentar o efeito.

A imagem do russo impiedoso, reforçada por numerosas descrições da mídia, era quase irresistível. De acordo com a revista, a imagem se destinava a impedir o êxito da União Soviética no Afeganistão, África e América Latina.

Com o colapso da União Soviética, pouco mudou, escreve a revista. Mas agora os russos se transformaram nos filmes em oligarcas traiçoeiros, heróis do submundo, e caras maus.

Talvez isso seja uma das razões pela qual o Ocidente não consegue ouvir a Rússia. Não importa o que fala o presidente russo, Vladimir Putin, a sua mensagem não atinge o público ocidental porque, devido às imagens "Made in Hollywood", ele é mais parecido com personagens ruins do que com uma verdadeira figura política.

No entanto, de acordo com a Foreign Affairs, "a memória profundamente enraizada sobre uma guerra nuclear cinematográfica entre os Estados Unidos e a Rússia" pode se tornar uma razão para os Estados Unidos não enviarem tropas para a Ucrânia.

Fonte: Agência Sputnik