Beto Richa e o cenário de tragédia e opressão que cobriu o Paraná

"O que vimos no Paraná foi um cenário de tragédia e opressão", denunciou o professor Hermes Leão, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Paraná (APP-Sindicato), durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), ocorrida nesta quarta-feira (6), no Senado.

Por Joanne Mota

Professores em greve protestam no centro cívico de Curitiba - Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo

A audiência, convocada pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), tem como objetivo investigar os crimes cometidos durante o massacre no centro cívico de Curitiba, no último dia 29 de abril, contra os professores e professoras do Paraná.

Em entrevista exclusiva à Rádio Vermelho, Ramon Bentivenha, que presta assessoria jurídica aos professores atacados, informou que já foram instaurados um inquérito civil e uma investigação criminal e que encaminharam ofícios ao governador Beto Richa, à Secretaria de Segurança e Comando da PM solicitando informações quanto ao planejamento da operação, registro de todos os materiais utilizados e descrição pormenorizada dos respectivos responsáveis.

"Até o momento, já foram coletados 150 vídeos e 80 declarações. Os promotores também comentaram que a Secretaria de Segurança informou que instaurou um inquérito policial militar para apurar excessos. Pelo que relatam, nenhum militar foi detido (diferentemente do que foi noticiado na imprensa e por algumas mulheres de militares)", esclareceu Ramon Bentivenha.

Audiência no Senado

Segundo informações do Senado, durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), o professor Hermes Leão, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Paraná (APP-Sindicato), fez críticas ao governo do estado, pelo que considera uma mudança de postura no tratamento das questões relativas aos servidores públicos estaduais.

No debate, sobre o confronto entre a Policia Militar e os professores do Paraná, Hermes acusou o governo do estado de tratar o magistério, desde a posse em janeiro, com violência e descaso.

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Na mesma linha, a professora Luzia Marta Bellini, representante do APP – Sindicato, apresentou um histórico de violência contra professores promovida pelos governantes do estado.

Segundo a professora Luzia, as tropas do governo cercaram os professores concentrados em uma praça e passaram a soltar bombas de efeito moral sobre os manifestantes. A professora Luzia conclama os professores a não se calarem diante da violência que sofrem.

Foto: Ana Paula Cozzolino/Reprodução da Internet

PCdoB renova repúdio

Também nesta quarta-feira (6), a Bancada do PCdoB na Câmara protocolou requerimento de moção de repúdio ao governo do Paraná pela violência e opressão testemunhada pelo país nos últimos dias. De acordo com o documento, a atitude da polícia “viola direitos fundamentais à liberdade de expressão e manifestação pacífica”.

Para a líder da Bancada, deputada Jandira Feghali (RJ), voltou a se posicionar e denunciou  “o desgoverno tucano no Paraná é um símbolo que espelha bem a incapacidade de seus líderes em auscultar os movimentos sociais. Na falta de diálogo com os sindicatos, Beto Richa e seu secretário de Segurança implantaram a ‘política do cassetete’. Isso é incompatível com o Estado democrático de direito, estabelecido pela Constituição Federal de 1988, e com as normas internacionais da Declaração dos Direitos dos Seres Humanos da ONU”.

O vídeo abaixo, mostra os educadores e educadoras em ato no centro de Curitiba e reflete a força da categoria e o empenho por transformar a educação no estado do Paraná.