Premiê chinês visita Brasil para fortalecer relações sino-brasileiras

O premiê chinês, Li Keqiang, iniciará, na próxima segunda-feira (18), sua visita a quatro países latino-americanos, e o Brasil será a primeira parada. A presidenta brasileira, Dilma Rousseff, disse em uma recente entrevista com o veículo da imprensa chinesa que espera a visita de Li Keqiang favoreça o comércio e os investimentos bilaterais, a cooperação científica e financeira, o sistema do Brics e o Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII).

Li Keqiang

No setor comercial, a China e o Brasil precisam estabelecer novas relações de oferta e procura. Com o abrandamento do crescimento econômico da China e a redução dos preços dos commodities no mercado internacional, o comércio sino-brasileiro em 2014 diminuiu em 7%. Tratou-se do segundo crescimento negativo do comércio bilateral desde 1999 (o primeiro crescimento negativo aconteceu em 2012, de 3%). Nos primeiros quatro meses deste ano, o comércio bilateral reduziu 19% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Portanto, o comércio sino-brasileiro focalizado nos produtos primários na última década está enfrentando grandes desafios.

Durante a visita de Li Keqiang ao Brasil, os dois países vão assinar acordos para levantar a proibição da exportação da carne bovina brasileira à China. Mesmo assim, o comércio bilateral não deverá se recuperar em um curto prazo. Quanto à expansão dos tipos de produtos exportados à China, o Brasil propôs aumentar a exportação de café, produtos agrícolas processados e serviços comerciais. Porém tem demorado para pôr em prática essas políticas.

Por outro lado, a cooperação sino-brasileira no setor de investimento está em bom andamento. Em primeiro lugar, a taxa de investimento é baixa no Brasil, sobretudo com o encolhimento da mobilidade do mercado internacional nos recentes anos, a demanda brasileira por capitais estrangeiros continua aumentando. Segundo, a estratégia de exportação de capacidade de produção e equipamentos da China ofereceu oportunidades de cooperação para indústrias chinesas e brasileiras. Nas áreas de construção de infraestruturas e manufatura, a China e o Brasil têm condições de realizar o acoplamento financeiro e tecnológico. Terceiro, o sistema de cooperação integral entre a China e a América Latina definiu os seis setores chave: recursos energéticos, infraestrutura, agricultura, manufatura, inovação científica e tecnológica, e tecnologia da informação.

As infraestruturas foram enfatizadas, particularmente os projetos de construção do Corredor Ferroviário Transoceânico. Além disso, Dilma Rousseff expressou na entrevista a vontade brasileira de convidar a China a participar da construção da ferrovia de alta velocidade no Brasil. Por isso, prevê-se que os investimentos da China no país terão um crescimento significativo. Segundo a imprensa brasileira, durante a visita de Li Keqiang, a China e o Brasil podem assinar 60 acordos de investimentos, no valor de cerca de 53 bilhões de dólares. Se isso for a verdade, o objetivo de “bimotor de comércio e investimento”, apresentado no Fórum de Cooperação China-América-Latina realizado no início deste ano, poderá ser concretizado no Brasil.

Além das relações econômicas e comerciais, as cooperações integrais entre a China e a América Latina, o mecanismo dos Brics e o BAII também serão temas importantes no encontro dos dois líderes. Em termos de cooperação entre a China e América Latina, a altitude do Brasil está em dilema. Por um lado, com a expansão da economia chinesa, o reforço de cooperação da China com a América Latina é uma tendência irreversível, e a realização da colaboração sino-latino-americana, sobretudo a promoção do desenvolvimento das infraestruturas na região, corresponde ao objetivo estratégico de “realização de interligação regional”. Mas por outro lado, a ampliação da influência chinesa na América Latina pode diminuir a voz do Brasil na região, o que não corresponde a sua estratégia de “procurar a liderança na região”.

A posição e dedicação do Brasil na cooperação entre a China e a América Latina vai influenciar o ritmo do processo de colaboração. Em relação ao Banco de Desenvolvimento do Brics e ao BAII, a China e o Brasil precisam de coordenar as posições, princípios e planejamentos de cooperação. A visita de Li ainda oferecerá uma oportunidade de consulta para os dois países abordarem as questões de várias áreas para acolher a Cúpula do Brics a ser realizada em junho. Na questão da BAII, o Brasil não só quer ser um dos membros fundadores da instituição, mas também pretende promover a extensão da estratégia chinesa de “Um Cinturão e Uma Rota” para a América do Sul, a fim de realizar a atualização das infraestruturas do seu país e da região sul-americana.
Atualmente, as relações sino-brasileiras estão na fase de transformação e atualização. A transformação focaliza nas áreas econômica e comercial, enquanto a atualização focaliza nas cooperações multilaterais dos dois países. A visita do premiê Li Keqiang será importante para o futuro desenvolvimento das relações bilaterais. Por um lado, será estabelecido o “novo motor” das relações econômicas e comerciais sino-brasileiras para promover a sustentabilidade das cooperações comerciais, e por outro lado, será reforçada a colaboração financeira nos setores multilaterais entre os dois países e enriquecida a cooperação na governança global das relações bilaterais.