Secretário de Estado dos EUA visita a Rússia e se reúne com Putin

Moscou e Washington mantêm diferenças sobre a crise ucraniana, mas concordam que não há alternativa a não ser uma solução política, disse nesta terça-feira (12), Serguei Lavrov, ministro de Relações Exteriores da Rússia.

Putin, Lavrov e Kerry

"Rússia e Estados Unidos têm certas diferenças tanto no que diz respeito à origem da crise na Ucrânia quanto na avaliação de sua escalada, mas concordam que é necessário resolver o problema por via exclusivamente política, mediante um cumprimento total e exaustivo dos acordos de Minsk, incluindo o diálogo direto entre Kiev, Lugansk e Donetsk", disse Lavrov.

Os dois países, segundo o chanceler russo, se comprometeram a aproveitar sua influência sobre as partes em conflito para levá-las à busca de acordos sobre a implementação prática do que foi acordado em Minsk, no dia 12 de fevereiro.

Lavrov deu essas declarações após encontrar-se com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, nesta terça-feira, em Sôtchi. O diplomata russo também esteve presente na reunião entre Kerry e o presidente Vladimir Putin, pouco depois.

Tanto Lavrov quanto Kerry lamentaram as seguidas infrações ao cessar-fogo acordado em Minsk, e o chanceler russo apontou que também não está sendo respeitado o ponto sobre a retirada de armamentos pesados da linha de frente.

Kerry concordou com Lavrov ao dizer que "o cessar-fogo ainda não está sendo respeitado" em Donbass e insistiu que será necessário pressionar ambas partes do conflito para que sejam cumpridas todas as cláusulas dos acordos de Minsk.

O conjunto de medidas para a aplicação dos acordos de Minsk prevê, entre outros pontos, a necessidade de acelerar uma reforma constitucional na Ucrânia — com uma nova Constituição entrando em vigor ao fim de 2015.

Um dos principais elementos da reforma deve ser a descentralização, tomando em conta as características especiais de certas zonas das regiões de Donetsk e Lugansk, sobre as quais será necessário chegar a um acordo com representantes dessas regiões. A aprovação de leis permanentes sobre o estatuto especiais desses territórios também é necessária.

Para os EUA, a Rússia é um parceiro importante na luta contra o terrorismo, reforçou Kerry: "Ainda que a Rússia não forme a coalizão internacional que combate o Estado Islâmico, é um aliado muito importante na luta global contra o extremismo violento", ressaltou. Segundo o secretário americano, os dois países veem essa luta como prioridade.

"Foi uma visita importante em um momento importante. Não esperávamos um avanço considerável ou encontrar uma solução para um problema concreto, mas mantivemos um bom diálogo com os líderes russos, o que é muito importante para conseguir avançar a fim de resolver vários problemas complicados que enfrentamos", resumiu o norte-americano ao falar sobre a motivação de sua visita.

Após um encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, e o ministro de Relações Exteriores, Sergei Lavrov, o secretário de Estado americano, John Kerry, ressaltou a importância de manter linhas abertas de comunicação entre os Estados Unidos e a Rússia.

Kerry descreveu as conversas com Putin e Lavrov, realizadas na cidade russa de Sôtchi, como "francas", observando que discutiram temas como os conflitos na Síria e na Ucrânia, assim como as negociações sobre o programa nuclear iraniano.

"É importante manter linhas de comunicação abertas entre os Estados Unidos e a Rússia enquanto abordamos temas importantes globais", escreveu Kerry em sua conta no Twitter.

As relações entre EUA e Rússia se deterioraram no ano passado durante o conflito na Ucrânia. Os dois países, contudo, continuam a conversar sobre áreas de interesse internacional – principalmente o programa nuclear iraniano – apesar das tensões.

Rússia e Estados Unidos fazem parte do grupo de negociadores internacionais chamado G5+1 que vem tentando garantir que as atividades nucleares tenham fins pacíficos.

Esta é a primeira visita de Kerry à Rússia nos últimos dois anos, período enfatizado por crescentes contradições entre Moscou e Washington sobre questões globais e conflitos de maior envergadura como o da Ucrânia, e as prolongadas crises na Síria e no Iraque, em consequência da ingerência estrangeira nos assuntos regionais.

Do Portal Vermelho, com informações da Prensa Latina e da Agência Sputnik