Nelson Barbosa diz que retomada do crescimento será gradual

O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse nesta sexta-feira (22) que o país vai voltar a crescer gradativamente. Ele destacou que por causa da complexidade da economia brasileira não é possível retomar o crescimento de imediato. “Não vamos ter ilusões sobre isso”, destacou em um evento promovido pela revista Carta Capital, na cidade de São Paulo.

Nelson Barbosa na abertura de evento internacional sobre parcerias público-privadas - Foto: Valter Campanato/ABr

O ajuste fiscal, com corte de despesas e aumento das receitas do governo é, segundo o ministro, a etapa inicial do processo de retomada da expansão econômica. “Por mais paradoxal que seja essa estratégia é o primeiro passo para a recuperação do crescimento. Apesar do impacto negativo que pode haver no curto prazo [o ajuste fiscal] é altamente necessário. Crescimento depende de investimento e investimento depende de um cenário macroeconômico estável”, acrescentou Nelson Barbosa.

O ministro disse que as medidas de ajuste não devem afetar as conquistas sociais dos últimos anos. “Nós temos que consolidar o sistema de proteção social e transferência de renda. E nós temos que avançar na inclusão social via a prestação de serviços públicos de qualidade”.

Para ele, a igualdade de renda e oportunidades é uma forma de fortalecer a democracia. Nelson Barbosa ressaltou que quanto menor for a desigualdade social, mais estável é a democracia e a política. “Uma sociedade mais igual é capaz de construir consensos e administrar os seus conflitos de forma mais construtiva do que uma sociedade amplamente desigual”.

Dólar

Quanto ao câmbio, o ministro disse que ele também passa por um realinhamento. “Houve um realinhamento da taxa de câmbio que colocou a taxa no nível que estava em 2006, em termos reais”. Apesar dos impactos inicialmente negativos, Nelson Barbosa avalia que já podem ser percebidas mudanças positivas com a desvalorização do real frente ao dólar. Segundo ele, com o tempo essa desvalorização beneficiará a indústria e o setor de exportação. “Já aparecem alguns sinais aqui e ali de recuperação das exportações e de melhora da competitividade”, avaliou.

O ministro acredita que os efeitos positivos das mudanças na economia só poderão ser completamente percebidos em meados de 2016. A seu ver, pela história do comportamento da economia nacional, após um realinhamento cambial ela se recupera neste período.