Lideranças do PCdoB Goiás recebem Comenda Honestino Guimarães
As lideranças do PCdoB foram homenageadas, na manhã desta terça, 2, com a entrega da Comenda Honestino Guimarães, durante o lançamento do Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), no pátio interno do Palácio das Esmeraldas. Entre elas, o secretário de Formação do PCdoB, Euler Ivo, estudante perseguido pela Ditadura Militar e companheiro de luta de Honestino Guimarães. Também foi homenageada a ex-deputada Denise Carvalho, que foi presidente do DCE da UFG e da UEE de Goiás nos anos 80.
Publicado 02/06/2015 17:48 | Editado 04/03/2020 16:43

Durante o evento, também receberam a Comenda a diretoria da União Nacional dos Estudantes, ex-dirigentes e representantes do segmento. Houve ainda a assinatura do ato de posse do Conselho Estadual da Juventude pelo governador Marconi Perillo.
A Comenda Honestino Guimarães foi instituída em 16 de fevereiro de 2012, por meio do Decreto nº 7.553. Destina-se a agraciar pessoas físicas e jurídicas que se destacam pelos bons e relevantes serviços prestados ao fomento, planejamento, estruturação e ao crescimento das políticas públicas voltadas direta ou indiretamente para a juventude.
Para Euler Ivo, a homenagem o fez lembrar com muita emoção do passado vivido com o companheiro Honestino Guimarães. “Convivi com Honestino durante muito tempo. Ele foi presidente da UNE e eu, vice-presidente da UBES. Fizemos parte da Comissão Nacional Estudantil de Ação Popular. Preparamos diversos congressos da UNE. Moramos juntos, em um barracão de dois quartos, alugado em São Paulo”, disse. “Embora singela, essa homenagem é muito importante. Honestino foi um companheiro de luta; aprendi muito com ele”, enfatizou.
Denise Carvalho, também uma das homenageadas, participou da luta pela redemocratização, militando na reconstrução da UNE, União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMEs), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBEs) e União Estadual dos Estudantes (UEE). Foi eleita vereadora em 1988. Exerceu o mandato de deputada estadual entre 1991 a 2003.
Quem foi Honestino?
Honestino Monteiro Guimarães foi um líder estudantil brasileiro. Filho de Benedito Monteiro Guimarães e Maria Rosa Leite Monteiro, mudou-se em 1960 com sua família para Brasília. Honestino estudou no Centro de Ensino Médio Elefante Branco e no Centro Integrado de Ensino Médio. Iniciou sua militância no movimento secundarista e filiou-se à Ação Popular, organização clandestina originada de movimentos sociais católicos. Em 1964, durante o Golpe de Estado no Brasil, Honestino cursava o terceiro ano do Centro Integrado de Ensino Médio de Brasília. No ano seguinte, prestou vestibular para o curso de Geologia na Universidade de Brasília (UnB), passando em primeiro lugar.
Na universidade, Honestino Guimarães foi eleito para o Diretório Acadêmico de Geologia e, em 1967, mesmo estando preso, foi eleito presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Brasília (FEUB). Em agosto de 1968, seu pai o representou por procuração para que ele pudesse casar-se com Isaura Botelho, militante estudantil. Ainda em agosto de 1968, forças do Exército e polícia política invadiram a UnB para cumprir mandados de prisão contra Honestino e mais sete lideranças estudantis. Honestino foi arrancado da sede da FEUB e ficou preso até novembro. Em 26 de setembro de 1968, como punição por ter liderado a expulsão de um falso professor da UnB, foi desligado da universidade.
Em dezembro de 1968, com o Ato Institucional Número Cinco, saiu de Brasília. Passou a viver, desde o início de 1969, como clandestino em São Paulo com Isaura. Em 1970, nasceu a filha do casal, Juliana.
Quando o presidente da UNE Jean Marc von der Weid foi preso, Honestino assumiu a presidência interina da entidade. Permaneceu como interino até 1971. No congresso da UNE realizado em 1971, no Rio de Janeiro, na Baixada Fluminense, foi eleito presidente.
Ainda em 1971, separado de Isaura, transferiu-se para o Rio de Janeiro onde continuou vivendo clandestinamente com sua nova companheira. Continuou coordenando atividades estudantis, desempenhando as tarefas de sua organização política e lutando contra o regime militar até ser preso no Rio de Janeiro, pelo CENIMAR, em 10 de outubro de 1973, após cinco anos de clandestinidade.
Desaparecimento
Supõe-se que pode ter sido transferido para o Pelotão de Investigações Criminais de Brasília, onde sua mãe foi autorizada a visitá-lo no Natal, mas no dia da visita disseram a ela que ele não estava ali. Seu desaparecimento foi denunciado pelos presos políticos de São Paulo em documento datado de 1976. Antes de sua última prisão, Honestino escreveu o seu Mandado de Segurança popular, em que dizia aos companheiros: "a minha situação é de uma vida na clandestinidade forçada… sofri vários processos, alguns já julgados. (Eles mostram) com clareza o particular ódio e a tenaz perseguição da qual sou objeto… Por diversas vezes fui ameaçado de morte".
Entretanto, os relatórios dos ministérios militares nada esclarecem sobre sua prisão e desaparecimento. Sua família empreendeu busca de informações sobre ele, sem resultados.
Somente no dia 12 de março de 1996 teve seu óbito oficialmente reconhecido, sendo laureado pela UnB no ano seguinte com o Mérito Universitário. Em sua homenagem, a principal organização estudantil da Universidade de Brasília se chama Diretório Central dos Estudantes Honestino Guimarães. Também em sua homenagem, o Grêmio Estudantil do Centro de Ensino Médio Elefante Branco, onde estudou, e o centro acadêmico do curso de Geologia da Universidade Federal do Ceará levam seu nome.