Educação ameaçada: greves exigem união dos movimentos

A mesa sobre a valorização dos profissionais de educação do 54º Congresso da UNE nesta sexta-feira (5) trouxe três entidades do setor em greve atualmente: o Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná (APP-Sindicato) parados quase há 40 dias; o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp), que já carrega a marca da maior greve da história paulista com 85 dias, e o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes).

Educação ameaçada: greves exigem união dos movimentos

Além disso, a mesa reuniu ainda representantes da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Goiá (Dufg) e da Confederação Nacional dos trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee).

As greves dos educadores estaduais já somam seis estados (Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Pará, Sergipe e Goiás) onde entre algumas particularidades a pauta é única: resistência para não perder direitos. Em todos os Estados e categorias os estudantes tem feito coro na luta dos educadores para garantir a valorização dos profissionais.

“Em todos estes Estados estamos lutando para a implementação do piso, esse mínimo arduamente conquistado nas lutas, a maioria destes estados governados pelo PSDB, estão transformando esse piso em teto e não cumprem”, explicou a professora Lirani Franco, representante da entidade da App Sindicato.

A entidade tem protagonizado uma verdadeira batalha contra o governador Beto Richa (PSDB) desde o fim do ano passado. Franco durante sua fala deu aula de unidade dos movimentos sociais e forças políticas que compõe o sindicato no Estado.

“Tivemos 100% das escolas fechadas, foi uma unidade não só da categoria, dos partidos que compõe nosso sindicato, dos estudantes que se recusaram a ir para a escola, dos estudantes e professores universitários que também que paralisaram. Tivemos apoio de 99% da população do Estado, com isso conseguimos fazer um enfrentamento com a mídia local”, contou.

Ela falou a respeito das das mazelas que a categoria tem sofrido nas mãos do governo tucano, desde a luta vitoriosa contra ‘pacotaço da maldades’ que atingia educadores e toda a população, aumentando impostos e cortando direitos como a previdência dos servidores confiscada em outra manobra do governo.

“No Paraná estamos realizando um grande movimento e confronto que não é só contra o governo do PSDB do Beto Richa, mas contra um projeto que este governo está implementando no nosso Estado, onde ele leva o secretário da fazenda a realizar a política do arrocho, do ajuste fiscal, para jogar sobre nós servidores a conta deste ‘desgoverno’ que faliu o Paraná e que quer pagar a sua dívida com o nosso dinheiro, com aquilo que é da educação pública”, finalizou.

Já a presidenta da Apeoesp, Maria Izabel, reivindicou equiparação salarial com as demais categorias de ensino superior e rebateu as críticas ao sindicato. “ Nós temos enfrentado o tucanato, no Paraná, em São Paulo, em Goiás, mas não só o tucanato, mas qualquer outro partido que tenha a diretriz do PSDB. Não podemos admitir que a primeira rubrica a ter recursos diminuídos seja a da educação, independente de partido”, afirmou.

Ela denunciou o fechamento de 3.900 salas, a demissão de 20 mil professores e a não democracia reinante em São Paulo. “Estamos desde a década de 80 lutando pela democratização desde a presidenta da República até o diretor de escola. E professores grevistas foram proibidos de entrar nas escolas e falar com outros colegas”, afirmou.

Já a vice-presidente do Andes, Marinalva Silva Oliveira, falou da luta das federais e das estaduais em greve devido ao corte de verbas. Ela alertou sobre o desmonte da educação pública nacional, estadual e municipal. E fez duras críticas o Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado no ano passado e ao governo federal. “O nosso projeto de universidade defende uma universidade pública, gratuita de qualidade, com assistência estudantil e com 10% do PIB para a educação. A universidade hoje está sendo privatizada internamente. Precisamos entender que a construção dessa greve é em defesa do caráter da universidade pública que é interesse dos técnicos, professores, estudantes e da sociedade”, afirmou.

Marinalva disse ainda sobre a criminalização dos movimentos sociais que para ela vem de todos os partidos que estão no poder, com as tentativas de judicializar as greves, por exemplo, e defendeu uma greve geral no país. “Nós temos a responsabilidade e a obrigação enquanto estamos dentro da universidade de mantê-la para as próximas gerações”, afirmou.