Seminário no RJ debate desafios econômicos do Brics

Apesar da interação diplomática, os países que formam o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) a questão econômica tem sido pouco debatida. E este é tema do Seminário Internacional Brics – Desafios e Oportunidades, que acontece nesta terça-feira (9) e quarta-feira (10), na Fundação Getulio Vargas (FGV).

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A sigla Bric começou a ser usada em 2001, numa referência ao Brasil, à Rússia, Índia e China, países chamados de economias emergentes. Em 2006 a cooperação política foi oficializada na Assembleia Geral das Nações Unidas e em 2011 a África do Sul foi incorporada às discussões do grupo, e a sigla passou a ser Brics.

Para o diretor executivo da FGV, Pedro Cavalcanti Ferreira, que media as apresentações, os Brics são muito estudados do ponto de vista diplomático e das ciências políticas, mas ainda faltam análises econômicas sobre o grupo, muito importante diante do crescimento da China e dos laços econômicos com os outros países.

"[Brics] é um tema muito quente entre os cientistas políticos e diplomatas, pessoas interessadas em relações internacionais, mas os economistas não deram muita atenção. Quando a gente começou a pensar no tema [do seminário], achamos que valia a pena chamar a atenção do ponto de vista dos economistas e trazer para a discussão os cientistas políticos também, porque as relações não só diplomáticas e políticas entre esses países vão ficar cada vez mais importantes, mas as relações econômicas também", ressaltou.

Também diretor da FGV, Roberto Castello Branco apresentou as diferenças e semelhanças entre as economias dos Brics. Segundo ele, a parte econométrica da pesquisa ainda está em desenvolvimento, mas a análise dos fatos mostra que, apesar de ter o crescimento fortemente desacelerado desde 2011, os Brics são economias importantes, que representam 29% do PIB global, e têm grande potencial de crescimento, com destaque para a China.

"A China está desenvolvendo ativamente iniciativas para ganhar poder global, tanto no mundo das finanças quanto politicamente, e desafiar a liderança dos Estados Unidos", salientou.

Castello Branco destacou que os países têm várias características comuns de economias emergentes, embora tenham diferenças de experiência com a economia de mercado e na estrutura econômica.

Também foram debatidos aspectos sobre a nova posição da China no cenário geopolítico global, a convergência dos Brics nas votações das Nações Unidas, a posição do grupo na ordem mundial, as relações econômicas entre China e América Latina e os desafios para o crescimento dos países que compõem o Brics.