Allan Toledo, ex-vice presidente do BB, é preso em São Paulo

A Polícia Federal prendeu temporariamente nesta quinta-feira (11) o ex-vice-presidente do Banco do Brasil, Allan Simões Toledo. A prisão foi decretada pela Justiça Federal e ocorreu em São Paulo.

Alan Toleto ex-presidente do Banco do Brasil - Reprodução

Toledo é investigado na Operação Porto Victoria, que apura as ações de uma organização criminosa transnacional especializada em evasão de divisas e lavagem de dinheiro. A quadrilha teria atuação em São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro.

Toledo esteve até 2012 na vice-presidência de Atacado, Negócios Internacionais e Private Banking, uma das áreas mais importantes do BB. Ele foi exonerado depois de ter o nome envolvido em um movimento para desestabilizar o então presidente do banco, Aldemir Bendine, para ficar com seu cargo. Atualmente, Allan Simões Toledo trabalha no Banco Banif. A prisão temporária é válida por cinco dias.

Toledo já havia sido investigado antes. Depois de alerta do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de inteligência financeira do Ministério da Fazenda, o próprio Banco do Brasil chegou a instaurar uma sindicância interna contra ele para investigar uma movimentação financeira atípica, no volume de R$ 1 milhão.

O dinheiro foi depositado numa conta aberta exclusivamente para esse propósito. Mas Toledo alegava que o dinheiro era fruto da venda de uma casa de uma pessoa próxima, uma mulher aposentada que ele considera “uma segunda mãe” e da qual era representante.

Depois, nas investigações da Operação Porto Victoria, foram detectadas transações feitas por “dólar cabo”, um esquema no qual as movimentações ficam à margem do sistema oficial de remessa de divisas. Segundo as estimativas do Coaf, cerca de R$ 3 bilhões foram lavados em três anos.

A investigação teve início no ano passado, atendendo a pedido da Agência Americana de Imigração e Alfândega (ICE), que solicitava ao Brasil a apuração de fatos envolvendo um brasileiro e uma organização criminosa que atuava no Reino Unido, Venezuela, Estados Unidos, Brasil e Hong Kong. A PF teria conseguido identificar a atuação do grupo em diversas frentes.

Entre os esquemas criminosos, uma retirada ilegal de divisas da Venezuela por meio de importações fictícias promovidas por empresas brasileiras, com o único objetivo de movimentar dinheiro. O superfaturamento dos produtos podia chegar a 5.000%. Na sequência, empréstimos e importações simuladas concluíam a fachada e possibilitavam o envio dos recursos para Hong Kong, de onde então eram encaminhados para outras contas ao redor do mundo.

No Brasil, empresas nacionais faziam importações fictícias com a colaboração de operadores de bancos e corretoras de valores, que ignoravam as incoerências contábeis para que dólares fossem enviados para o exterior com aparência de legitimidade.

O Banco Banif, alvo central da operação da PF, se recusou a falar sobre o assunto. O Banco Banif integra o Grupo Banif, que possui 27 empresas atuando no setor financeiro e segurador.