Greve suspende atendimento do Hospital das Clínicas por uma hora
Trabalhadores exigem reajuste salarial e melhores condições de trabalho
Os trabalhadores técnico-administrativos em educação (TAEs) suspenderam, na manhã de hoje (11), o atendimento do Hospital das Clínicas (HC). O ato faz parte da mobilização da greve da categoria, deflagrada no dia 28 de maio, e teve início às 6h30, com o fechamento do portão do ambulatório. As atividades voltaram ao normal por volta das 8 horas.
Publicado 11/06/2015 15:26 | Editado 04/03/2020 16:43

A manifestação dos trabalhadores teve o objetivo de chamar a atenção da sociedade e do governo federal para a pauta de reivindicações da greve nacional. Além disso, foram levantadas as dificuldades dos cerca de mil trabalhadores do HC em desempenhar as suas funções.
A falta de medicamentos e instrumentos, bem como as deficiências do espaço físico não são novidade na rotina dos TAEs do hospital. Os problemas, entretanto, se agravaram desde que a Universidade cedeu a gestão do HC à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) no final do ano passado. De acordo com os servidores a nova empresa tem também criado dificuldades trabalhistas, exigindo o desempenho das atividades sem oferecer as condições mínimas de trabalho.
O Hospital das Clínicas atende, diariamente, cerca de mil pacientes todos os dias. O Coordenador de Saúde do Trabalhador do SINT-IFESgo, João Pires, afirmou que, caso a negociação com o governo continue travada, o movimento irá radicalizar a greve no HC.
“O Ministério do Planejamento afirmou que só há previsão de reajuste para o ano de 2017”, afirmou Pires. “Nós estamos pedindo uma reposição salarial de 27,3%, que são as perdas inflacionárias que sofremos de 2010 pra cá. Temos responsabilidade com os atendimentos essenciais do hospital, mas se a postura de intransigência do governo persistir, seremos obrigados a suspender o funcionamento do HC por tempo indeterminado”, frisou.
A GREVE DOS TAEs
Ao todo, 53 das 63 universidades federais do país já aderiram ao movimento paredista. Em Goiás a paralisação também atinge os Campus do IFG de Anápolis, Aparecida de Goiânia, Goiânia Oeste, Inhumas, bem como da Reitoria do Instituto. No IF Goiano a adesão abrange a Reitoria e o Campus de Iporá.
A greve foi deflagrada em virtude das dificuldades na negociação entre os trabalhadores e o governo federal, que se arrasta desde o ano passado, quando a justiça determinou a abertura de negociações entre as partes.
Entre as reivindicações dos trabalhadores estão o reajuste de 27,3%a do salário, o aprimoramento da carreira, a implementação de turnos contínuos sem redução salarial e a democratização da gestão nas Instituições Federais de Ensino Superior.
Confira abaixo a pauta completa de reivindicações:
PAUTA ESPECÍFICA DOS TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO
Reposição de Perdas e Aprimoramento da Carreira:
Índice de 27,3% no piso da tabela considerando as perdas de janeiro de 2011 a julho de 2016;
Pelo aprimoramento da Carreira com correção das distorções, levando em consideração a racionalização dos cargos, piso de três salários mínimos e step de 5%; reposicionamento dos aposentados e pensionistas, e concurso público via RJU para todos os níveis de classificação;
Pela não retirada de ganhos administrativos e judiciais da Categoria – pagamento imediato;
Reabertura de prazos para que os Técnico-Administrativos em Educação que ainda estejam no PUCRCE possam migrar para o PCCTAE;
Reconhecimento dos certificados de capacitação dos aposentados quando os mesmos se encontravam na ativa;
Aproveitamento de disciplinas de curso de graduação e pós-graduação para todas as classes do PCCTAE para fins de progressão por capacitação;
Reconhecimento de títulos de mestrado e doutorado obtidos fora do país.
Posicionamento hierárquico em padrão de vencimento equivalente na tabela quando do reingresso de servidor em outro cargo do PCCTAE.
Efetivação do Plano Nacional de Capacitação lançado em 2013;
Extensão, para os Técnico-Administrativos em Educação, do art. 30 da lei 12772/12, que trata de afastamento para realização de estudos de pós-graduação;
Condições de Trabalho e Qualidade no Serviço Público
Turnos contínuos com redução da jornada de trabalho para 30 horas, sem ponto eletrônico e sem redução de salário;
Pela revogação da Lei que cria a EBSERH para gerir os Hospitais Universitários das Instituições Federais de Ensino e pela contratação de trabalhadores via concurso público (RJU);
Revogação das orientações normativas (nº 6, 15 e 16) relativas à insalubridade, assegurando os direitos dos trabalhadores que já se aposentaram e dos que estão na ativa;
Pela suspensão imediata dos cortes orçamentários nas Instituições de Ensino e recomposição do orçamento;
Construção/ampliação de creches nas Instituições Federais de Ensino, atendendo a demanda da comunidade acadêmica;
Construção de uma política de combate efetivo ao assédio moral nas Instituições Federais de Ensino;
Democratização das Instituições Federais de Ensino
Por um processo eleitoral no mínimo paritário para a escolha de gestores no âmbito das universidades públicas, de forma autônoma, com lista uninominal;
Por uma composição paritária nos conselhos superiores;
Pelo fim da criminalização das lutas e das perseguições aos dirigentes sindicais e ativistas nas Instituições Federais de Ensino Superior;
Pauta Geral dos Servidores Públicos Federais
Pela Revogação das Leis que criaram a EBSERH e a FUNPRESP;
Por uma politica salarial permanente com correção das distorções e reposição das perdas inflacionárias;
Índice linear de 27,3%;
Estabelecimento de Data-base em 1º de maio;
Pelo direito de negociação coletiva (convenção 151 OIT) e liberação de dirigentes para o exercício de mandato classista;
Pela instituição da Ascensão Funcional;
Pela paridade salarial entre ativos, aposentados e pensionistas;
Pela retirada dos projetos do Congresso Nacional que atacam os direitos dos trabalhadores;
Por isonomia salarial e de todos os benefícios entre os poderes;
Pela anulação da reforma da previdência de 2003, realizada por meio de compra de votos de parlamentares;
Pela extinção do fator previdenciário;
Pela incorporação de todas as gratificações produtivistas;
Pelo fim da terceirização que retira direito dos trabalhadores;
Pela imediata realização de concurso público pelo RJU.